Sábado – Pense por si

Daniel Adrião
Daniel Adrião Primeiro subscritor da Moção de Estratégia Política Global "Resgatar a Democracia" a apresentar ao XXI Congresso Nacional do Partido Socialista
09 de fevereiro de 2015 às 09:25

A mártir e o herói

Os portugueses aceitam durante muito tempo de forma submissa todos os destratos e desmandos, aguentam de forma estóica a humilhação e a privação, sujeitam-se às arbitrariedades e às contrariedades de cara alegre

No século XIX, Eça havia identificado como um dos traços pátrios a "brandura de costumes", um século depois, a expressão "povo de brandos costumes" havia de ser tristemente celebrizada por Salazar. Já no século XVI, Camões descrevia a "apagada e vil tristeza" que deslustrava a Nação lusitana, enquanto que no século passado, Pessoa, Pascoaes e Almada glosaram o "sebastianismo" e o "saudosismo" como os sentimentos-síntese da alma pátria. Já mais recentemente, O'neil fazendo um retrato "à la minute" da existência lusa captou um "português suave". Mas segundo rezam as crónicas, foi ao Rei D. Carlos que coube a mais cruel e impiedosa descrição do país, quando lhe chamou simplesmente: a "choldra". Talvez o Rei tenha ido longe de mais, os portugueses não lhe perdoaram, seria assassinado e a monarquia acabaria por morrer pouco depois dele. Como diz o povo: "para grandes males, grandes remédios".

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