Sábado – Pense por si

Carlos Neto
Carlos Neto Professor Catedrático (Aposentado e Jubilado da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa - FMH-UL)
14 de junho de 2024 às 11:52

Os espaços de jogo exteriores públicos para crianças

Os projetos comunitários para a elaboração de espaços de jogo ao ar livre para crianças, deveriam mobilizar a parceria dos municípios, instituições locais, associações de pais, agrupamentos de escolas, crianças e jovens numa perspetiva pedagógica e um "design" inovador, respeitador das caraterísticas culturais e sociais de cada região e projetada para todas as idades.

Numa notícia recente publicada no Jornal"El País" de 2 de junho e intitulada "Você não tem espaço suficiente: e se o problema não for muitas telas, mas pouco tempo ao ar livre?" Nesse mesmo artigo de opinião é citado um estudo da OnePoll, em que se afirma "que apenas 27% das crianças brincam regularmente na rua. Os dados são impressionantes, mas assumem outra dimensão quando comparados aos de seus pais e avós. 71% dos baby boomers (pessoas nascidas entre 1946 e 1964) jogavam na rua regularmente quando tinham a sua idade. Além disso, adultos que relataram brincar na rua quando crianças, tiveram uma auto - perceção de saúde mental consideravelmente melhor, de acordo com o estudo. Hoje em dia há uma sensação de perigo que, embora não seja real, faz com que as crianças não usem muito a rua. Tiramos crianças da cidade para colocá-las em casas ou condomínios fechados. Assim, os pais que antes brincavam ao ar livre agora proíbem seus filhos de fazê-lo sem supervisão. As coisas mudaram, argumentam, e estão certos. As ruas são muito mais seguras hoje na Espanha do que há 30 anos. Os assassínios e os homicídios caíram 30% (são cerca de 300 por ano), as mortes nas estradas diminuiram 80% (1145 mortes em 2023) e os raptos de crianças continuam a ser um fenómeno muito raro. Em 2021, segundo a associação ANAR, especializada nestes casos, foram 18 em toda a Espanha. No ano anterior, foram oito. Mas a perceção é outra. Um declínio no capital social – o grau em que as pessoas conhecem e confiam em seus vizinhos e instituições – exacerbou os medos dos pais. As redes sociais virtuais foram ganhando força à medida que as redes sociais reais, aquelas que nos ligavam ao bairro e à cidade, a perderam. A rua começou a ser vista como um lugar perigoso e foi esvaziada de crianças. Os novos empreendimentos foram construídos com essa ideia em mente, adicionando um espaço de jogo fechado. As atividades extracurriculares começaram a se popularizar para proporcionar às crianças um lazer produtivo e seguro. Na década de 1990, os pais começaram a colocar os filhos em casa ou no centro desportivo. Um relatório do Ministério da Cultura já estabelecia em 2009 que 90% dos alunos do ensino primário (6-12 anos) dedicavam as suas tardes a atividades desportivas, línguas, música ou dança."

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