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Autoridade cultural húngara compara bilionário George Soros a Hitler

29 de novembro de 2020 às 15:03

Soros e os seus aliados "pretendem excluir polacos e húngaros da última comunidade política sobre a qual ainda temos direitos", escreveu Szilard Demeter.

Uma autoridade cultural húngara comparou o bilionário George Soros a Hitler num artigo em que descreve a controvérsia da Hungria e da Polónia com a União Europeia sobre o Estado de Direito, o que gerou condenações aos seus comentários.

"A Europa tornou-se a câmara de gás de George Soros (...). George Soros é o ‘Führer’ liberal" e os polacos e os húngaros "são os novos judeus", afirmou Szilard Demeter num artigo publicado hoje pelo portal de notícias pró-governo polaco Origo.hu.

Soros e os seus aliados "pretendem excluir polacos e húngaros da última comunidade política sobre a qual ainda temos direitos", acrescentou o escritor de 44 anos, diretor do prestigiado Museu Literário desde 2018 e que foi nomeado Comissário para a Cultura em 2019.

Israel, assim como organizações judaicas e grupos de memória do Holocausto, condenaram imediatamente esta comparação.

"Rejeitamos qualquer uso e abuso da memória do Holocausto para qualquer propósito", disse a embaixada israelita na Hungria num comunicado.

"É impensável vincular o pior crime da história da humanidade ou aqueles que o cometeram a um debate político contemporâneo, por mais importante que seja", acrescentou a embaixada.

A maior organização judaica da Hungria, Mazsihisz, enfatizou que tal "relativização do Holocausto é incompatível com a política de tolerância zero do Governo ao antissemitismo".

"De mau gosto e ultrajante" disse hoje o rabino-chefe da Congregação Judaica Unificada da Hungria (EMIH), Slomo Köves, num comunicado.

A Hungria e a Polónia opõem-se atualmente a Bruxelas no que se refere às discussões sobre o Estado de Direito. A UE pretende condicionar a concessão de fundos europeus à existência de um verdadeiro Estado de Direito nestes dois países.

Regularmente condenados por Bruxelas pelas suas reformas acusadas de minar os valores democráticos, os dois países da Europa Central vetaram o orçamento plurianual e o plano de recuperação europeu na semana passada.

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, falou em "chantagem" contra países que se opõem à imigração e recentemente chamou Soros de "criminoso económico" e "uma das pessoas mais corruptas do mundo".

O bilionário George Soros, de 90 anos e que também tem nacionalidade norte-americana, nasceu na Hungria e é um sobrevivente do Holocausto. Soros é o alvo regular de Viktor Orban, que o acusa de encorajar a migração e conspirar contra o seu Governo por meio das organizações não-governamentais (ONG) que financia.

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