Camané, Ricardo Ribeiro e Ana Moura homenagearam Amália Rodrigues em Osaka, 55 anos depois de Amália ter cantado na Expo Osaka de 1970. "Todos nós que cantamos fado temos Amália na voz", diz Camané.
Amália Rodrigues fez-se ouvir novamente em Osaka, Japão, 55 anos depois de a artista ter marcado na Expo de 1970, agora pela voz dos três fadistas Ana Moura, Camané e Ricardo Ribeiro, perante uma vasta plateia de várias nacionalidades.
Com o concerto 'No tempo das Cerejas', Ana Moura, Camané e Ricardo Ribeiro homenagearam esta terça-feira a fadista Amália Rodrigues na Expo 2025 Osaka, Kansai, Japão, encerrando o Dia Nacional de Portugal na Expo e o Dia Mundial da Língua Portuguesa.
Amália Rodrigues representou Portugal na Expo Osaka de 1970, ou seja, há 55 anos.
"A responsabilidade nossa é sobretudo cantar com dignidade, cantar e dar o nosso melhor", afirmou Ricardo Ribeiro, cerca de uma hora antes de subir ao palco, quando já uma longa fila se formava para assistir ao espetáculo, segundo constatou a Lusa no local.
"É, de facto, um motivo de grande orgulho e de felicidade poder pisar este palco e relembrar novamente a Amália sempre, porque a Amália é um ser especial", acrescentou o músico, recordando que "o repertório já tinha sido escolhido".
Até porque "tivemos oportunidade de fazer isto com a orquestra em Lisboa em 2020, durante a pandemia, e chama-seNo Tempo das Cerejas" porque foi quando "Amália supostamente nasceu".
E agora "resolvemos trazê-lo aqui" à Expo 2025 Osaka, aliás "a Expo, a Câmara Municipal de Lisboa, o Ministério da Cultura e o Turismo de Portugal resolveram trazê-lo aqui", concluiu Ricardo Ribeiro.
Também Ana Moura disse sentir uma "responsabilidade especial".
"Cresci a ouvir falar de um disco icónico da Amália Rodrigues, que éAmália ao vivo no Japão, que era muito difícil de encontrar, e sempre soube do apreço que os japoneses tinham pela Amália", pelo que é um "carinho enorme" homenagear a fadista portuguesa no Japão, acrescentou.
Os três músicos interpretaram um tema em conjunto.
"Há realmente essa associação a um lado mais feminino" no fado, "creio que é pelo facto de estarmos muito mais habituados a que a mulher expresse os seus sentimentos" mais do que um homem, considerou Ana Moura.
Estas vozes "que me acompanham esta noite são vozes que me deixam completamente extasiada, emocionada", salientou a artista, que admitiu estar "muito feliz por partilhar o palco com o Camané, com o Ricardo Ribeiro".
E também "homenagear a minha maior referência", rematou Ana Moura.
Também Camané salientou a importância de Amália Rodrigues no mundo do fado.
"A Amália sempre foi uma referência para mim e é evidente que todos nós que cantamos fado e gostamos de fado temos Amália na voz", rematou o músico.
Camané elogiou ainda a Expo 2025, adiantando que esteve a ver várias exposições sobre a cultura portuguesa.
Confidenciou estar a gostar imenso e até descobrir algumas palavras que fazem parte do vocabulário japonês que são iguais ao do português.
A cerimónia oficial teve início com o hastear da bandeira de Portugal e do Japão e o canto dos respetivos hinos nacionais, tendo a ministra da Cultura discursado, seguida de una atuação de Dino D'Santiago que arrebatou a audiência.
Além disso decorreu uma visita oficial das delegações portuguesas e japonesas e a inauguração da Exposição Siza, dedicada à obra do arquiteto Álvaro Siza Vieira, com a curadoria do arquiteto e crítico espanhol Carlos Quintáns Eiras, numa parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian.
Portugal participa na Expo Osaka com o tema "Oceano, diálogo azul", 55 anos depois de ter marcado presença na mesma exposição mundial na mesma cidade.
O Pavilhão de Portugal, situado na zona "Empowering Lives", está localizado num lote de 1.836,75 metros quadrados e localiza-se perto do Pavilhão do Japão. Trata-se de um projeto do arquiteto japonês Kengo Kuma.
A exposição mundial arrancou em 13 de abril e termina em 13 de outubro.