À terceira edição renova-se a busca pela próxima promessa da comédia nacional, mas pede-se “mais frescura”, diz o mentor Miguel Sete Estacas. O concurso entra agora nas semifinais.
Em 2022, Daniel Silva – isto é, Dagu – surgiu como uma pedra no charco. Público e jurados encontraram nele uma combinação devastadora que serpenteava o humor físico, o timing e a graça de um texto simples mas fresco e que lhe valeu o prémio da primeira edição d’O Último a Rir.
Em 2023, Sérgio Lopes revelou-se exímio ao equilibrar o humor deadpan [inexpressivo] e a comédia autodepreciativa e, por isso, foi coroado o segundo vencedor. A fórmula não é exata, mas parece ter como base a surpresa, o quanto conseguimos – pela escrita ou pelo que deixamos em palco – dar de surpreendente. Assim entende o mentor Miguel Sete Estacas.
Com as inscrições para a terceira edição fechadas, o humorista espera que as semifinais – que arrancam terça-feira, dia 22 de outubro, em Lisboa – revelem qualidade. Mas, e acima de tudo, surpresas: “Estou à espera de melhorias em relação à qualidade das apresentações e dos textos uma vez que a stand-up tem evoluído. Tem havido mais procura, mais espaços onde se pode praticar, e como o desafio está maior para quem começa, estou à espera de bons concorrentes, que me surpreendam.”
Vitor Mota
Trabalho é palavra de ordem, diz Miguel Sete Estacas, apesar de reconhecer que o talento natural ajuda a vingar, “mas tenho receio – mesmo sendo pessoal que está a começar –, como já são bons, de se considerem demasiado bons para ser concorrentes”, realça. “Acham que o estatuto já não é para eles. Tenho muita pena que não haja mais humoristas desse género, que sabem que são bons mas que não têm medo do desafio.”
Sobre a nova fornada de talentos, o mentor reconhece que podemos estar perante uma nova era dourada, e acredita que, mais do que descansar sobre os louros, há que arriscar. “Gostava, mesmo não sendo escolhidos, que não tivessem receio de ser diferentes. Estamos a passar uma fase de muitos talentos, mas noto que são muito idênticos, e isso não me desperta interesse”, aponta. “Deixo o desafio para que sejam diferentes, para apresentarem algo refrescante, mesmo que achem que o humor não é tão abrangente. Vai ficar a marca.”