Sábado – Pense por si

GPS

Tem a Eurovisão ligações a Israel?

A Moroccanoil, patrocinador principal da Eurovisão nos últimos três anos é israelita, toda a produção é feita no país e é detida por CarmenTal, também israelita.

Capa da Sábado Edição 5 a 11 de agosto
Leia a revista
Em versão ePaper
Ler agora
Edição de 5 a 11 de agosto
As mais lidas GPS
Tem a Eurovisão ligações a Israel?
Débora Calheiros Lourenço 15 de maio de 2024 às 15:00
REUTERS/Leonhard Foeger

A edição deste ano da Eurovisão, queterminou com a vitória da Suíça, ficou marcada pela contestação contra a participação de Israel no concurso, especialmente tendo em conta que a Rússia está impedida de participar desde a invasão à Ucrânia, em fevereiro de 2022.

A União Europeia de Radiodifusão (EBU, na sigla original), responsável pela organização da Eurovisão, garante que o concurso é um evento "apolítico", que tem apenas o objetivo de unir pessoas de todo o mundo através da música, e é por isso que Israel se tem mantido no evento.

Mas a realidade é que a edição deste ano teve bastantes dificuldades em cumprir esse propósito e vários foram os momentos em que os principais atores entraram em confronto. Exemplo disso é que depois da atuação de Portugal na final a EBU optou por publicar o vídeo da semifinal uma vez que a cantora tinha as unhas pintadas com o padrão do keffiyeh e no final da sua atuação afirmou: "A paz prevalecerá".

Patrocinadores com ligações a Israel 

Nas redes sociais muitas têm sido as acusações de que só foi permitido a Israel participar nesta edição da Eurovisão devido às ligações dos patrocinadores com o país.

A realidade é que a Moroccanoil, marca de cosméticos especializada em produtos capilares, tem sido o patrocinador principal do concurso nos últimos três anos, nos dois anos anteriores já tinha sido um dos parceiros. Apesar de o nome evocar Marrocos, a marca é israelita, toda a produção é feita no país e é detida por CarmenTal, também israelita. 

Os restantes parceiros da Eurovisão deste ano são o TikTok, Baileys, Royal Caribbean, Idealista e easyJet. Apesar de nenhuma delas parecer ter ligações tão diretas a Israel como a Moroccanoil, o diretor financeiro do grupo Royal Caribbean, Naftali Holtz, é israelita e foi oficial da Força Aérea Israelita. 

Vários ativistas pela causa palestiniana também afirmaram nas redes sociais que enviaram emails aos vários parceiros para que forçassem a organização a banir Israel, algo que acabou por não acontecer.

Uma edição marcada por polémicas 

Ainda antes das meias finais começou apolémica com a participação de Israeluma vez que a primeira música apresentada fazia referência ao ataque de 7 de outubro, levado a cabo pelo Hamas contra israelitas. 

A música acabou por ser alterada a pedido de Isaac Herzog, presidente de Israel, deOctober Rain(Chuva de Outubro), paraHurricane(Furacão). Ainda assim, a participação do país que tem atacado Gaza nos últimos sete meses, em resposta ao ataque do Hamas, não deixou de ser contestada. O movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) apelou ao boicote à Eurovisão desde então por considerar que o evento pretendia ser "a lavagem da EBU do genocídio de Israel de apartheid contra 2,3 milhões de palestinianos em Gaza". 

Mais de 50 mil pessoas assinaram uma petição dirigida ao diretor-geral da EBU, Noel Curran, para que Israel ficasse proibido de participar. Desde que a delegação israelita chegou a Malmo, onde ocorreu o evento, que a cidade se inundou de manifestações pró- Palestina.  

A conferência de imprensa com os artistas que antecedeu a final demonstrou o mal-estar vivido entre os participantes com alguns representantes a reagirem mal às declarações de Eden Golan, a cantora israelita. Um jornalista polaco questionou a artista sobre a possibilidade de a sua presença colocar os outros participantes em risco, o moderador da conferência relembrou Eden Golan que não era obrigada a responder e o neerlandês Joost Klein comentou: "Por que não?". 

Na manhã da final, sábado, oartista acabou por ser expulso, devido a uma troca de palavras com uma pessoa da produção.

Uma posição diferente relativamente à Rússia 

Em 2021 a emissora bielorrussa foi expulsa da Eurovisão por violar as regras de liberdade de expressão da EBU e o país ficou assim proibido de participar, no ano seguinte, a Rússia foi banida no dia seguinte a invadir a Ucrânia: "À luz da crise sem precedentes da Ucrânia, a inclusão da Rússia no concurso deste ano traria descrédito à competição".

Artigos Relacionados
A Newsletter O Melhor do Mês Registados no seu e-mail
Para que não lhe escape nada, todos os meses o Diretor da SÁBADO faz um resumo sobre o que de melhor aconteceu no mês anterior. Enviada mensalmente