Gaia e Porto vão voltar a estar ligados por rabelas. O anúncio foi feito pela The Fladgate Parnership, a empresa promotora do projecto. "O trânsito fluvial é uma oferta importantíssima [e] vai beneficiar a cidade inteira", afirmou Adrian Bridge, diretor-geral da empresa.
Para o responsável, que falou agora pela primeira vez sobre o projecto já anunciado em Junho do ano passado, este "ferry service" responde a uma falha no mercado, já que "só há uma ligação" entre as duas margens do Douro junto aos centros históricos de Gaia e Porto: o tabuleiro inferior da Ponte Luís I.
"Entendemos que a ponte Luís I não é suficiente", destacou aquele responsável, para quem tal passagem na ponte é mesmo "perigosa" e incapaz de responder ao número de pessoas que anualmente se desloca da margem norte para a sul em busca do vinho do Porto.
Segundo Adrian Bridge, "quase todas as infraestruturas de alojamento estão na margem norte e há quase 870 mil pessoas que visitam as caves todos os anos", pelo que, com este novo serviço, espera captar um pouco mais de 20% desses turistas que, mesmo a pé, de táxi, autocarro ou tuk tuk, para visitar a margem sul do Douro, "têm sempre que atravessar a ponte".
Os rabelos, que começaram por se chamar 'vaporettos' e que chegaram a mudar de nome para 'rabeleiros', estão a ser construídas em Setúbal, têm capacidade para 28 passageiros e dois tripulantes, uma cabine interior e motor fora de bordo a gasóleo.
"Temos um barco já construído e que entra em fase de testes no início de Fevereiro", revelou o responsável, adiantando que as embarcações funcionarão numa "lógica de ida e volta" entre as duas margens, com viagens de 240 metros a durar três minutos e preços a rondar os €2,50 por viagem.
Depois do primeiro contacto entre a empresa e os autarcas das duas margens em Fevereiro do ano passado, o arranque das viagens chegou a ser anunciado para o último Verão, mas só agora foram conseguidas todas as autorizações necessárias para circular num troço de rio onde já operam diversas empresas com serviços para turistas.
Uma das maiores dificuldades prendeu-se com os locais pretendidos para a atracagem dos barcos que, do lado do Porto, ficará naquele que é um posto de fronteira marítima fora de espaço Schengen.
O edital para a instalação de "posto de acostagem" para "tráfego local de passageiros" no "topo montante do Cais da Estiva", no Porto, foi hoje publicado pela Administração dos Portos do Douro e Leixões (APDL) e permite que, durante 30 dias, outros interessados possam concorrer ou contestar a travessia.
A empresa, que com este projecto pretende criar sete postos de trabalho directos com três tripulações para dois rabelos, irá concessionar os cais nas duas margens por dez anos.
As embarcações estarão em funcionamento entre as 10h e as 17h30 no inverno, um horário que será alargado no Verão até 14 horas de funcionamento por dia.
"Os dois lados estão muito receptivos à solução", assinalou Adrian Bridge, segundo o qual as duas câmaras têm iguais preocupações com a ligação entre as duas margens do Douro e "entendem bem que a única ligação existente não é muito fácil de fazer a pé".