Kenneth Branagh tinha um problema para resolver com esta nova versão deUm Crime no Expresso do Oriente: como tornar interessante um mistério quando a sua resolução faz parte da cultura popular? Seria um exercício interessante - tornar novo aquilo que já é tão conhecido -, mas Branagh está convencido de que basta acrescentar a sua própria interpretação como Hercule Poirot a uma lista de vários rostos conhecidos para suster o interesse. Mas não. Nem nada que se pareça. Até porque, com excepção do célebre detective belga que protagonizou mais de 30 romances de Agatha Christie, nenhuma das restantes personagens tem direito a mais do que duas ou três cenas de relevo - daqui a uns dias, já me esqueci que Penélope Cruz, Judi Dench ou Willem Dafoe estavam sequer neste comboio, tal como no próprio filme se ignora que há mais do que uma carruagem no Expresso do Oriente: supõe-se que aqueles que viajaram em classe turística ficaram dois dias em silêncio nos seus pequenos compartimentos, enquanto o crime era resolvido.