Inspirou dezenas de crónicas e artigos sobre televisão, nem sempre simpáticos. Ao lado do macaco Adriano, ou a mandar as senhoras fazerem um xixi rápido durante o intervalo do Big Show SIC, irritou a crítica, beliscou alguns políticos e embaraçou a própria estação. Apresentava um dos programas que "mais dinheiro deram a ganhar àquela empresa", mas nunca teve direito a fotografia na parede. Na rua, era atacado com beijos, abraços e perguntas embaraçosas. As pessoas pensavam que tomava drogas para aguentar tantas horas aos saltos e sempre a rir. Ironia das ironias, nunca apanhou uma bebedeira sequer na vida por detestar ficar fora de controlo. É simpático, adora falar – tem quatro telemóveis e passa a vida a mandar SMS – mas já deixou de querer agradar a toda a gente. Gosta de guiar, é um bocadinho viciado em marcas – trazia uns ténis e um saco Louis Vuitton e um cinto Prada e riu-se disso – mas fala das suas origens humildes com uma sinceridade pouco habitual. Bem disposto num País que anda sempre de mau humor, podia ser retratado numa frase que os americanos adoram: What you see, is what you get. Que é como quem diz: ele não engana ninguém.

João Baião: "Também tenho depressões"

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