Tecnologia do espaço ajuda-o a encontrar o cão

A ideia nasceu em 2014, com um cão desaparecido. Quando o dono, um estudante da Universidade de Aveiro, decidiu procurar soluções de localização por satélite para evitar que a fuga se repetisse, percebeu que todas as empresas no mercado apresentavam dois problemas: mensalidades obrigatórias e dificuldades na monitorização em tempo real. Foi assim a origem da Findster, uma startup portuguesa que recorre a tecnologia do espaço para, através de um dispositivo de localização, encontrar pessoas e animais domésticos.

Esta é uma das 12 empresas integradas no ESA BIC [European Special Agency – Business Incubation Centre], um programa de apoio a projectos que aplicam tecnologia testada no espaço no desenvolvimento de produtos nas áreas da saúde, transportes, energia, segurança e vida urbana. Liderado pelo Instituto Pedro Nunes, em Coimbra, com pólos no Uptec [Parque de Ciência e Tecnologia do Porto] e na Agência DNA Cascais, o programa financia o desenvolvimento de protótipos até 50 mil euros. "É essencial para produzir o device", diz Carlos Cerqueira, director de Inovação do IPN, acrescentando que a "rede ESA promove o acesso ao know-how específico e facilita o acesso ao mercado".


O Findster para crianças

É o caso da Bluecover Technologies, cujo fundador, ex-quadro da Critical Software, combinou num negócio duas paixões: o conhecimento do espaço e o golfe. Foi assim que desenvolveu uma pulseira inteligente capaz de medir a qualidade da tacada, ajudando o jogador a melhorar o swing com recurso a geolocalização e mapeamento do campo.

Democratização dos dados
Lançado em 2014, o programa da Agência Espacial Europeia – com a participação do Governo português – visa apoiar seis empresas por ano. A procura é maior do que a oferta, "Temos alguns investigadores universitários mas também empresários que perceberam que a tecnologia espacial oferece vantagens competitivas e ajuda a lançar negócios disruptivos", acredita Carlos Cerqueira. A Findster, por exemplo, já lançou dois produtos: uma versão kids, outra pets – 70% das suas vendas provêem dos EUA.

A área de negócio também é variável: entre as 12 empresas inscritas no programa há startups ligadas ao ambiente, serviços, saúde, agricultura, viagens e clima. Todas com um ponto em comum: "a tecnologia de geolocalização e dados, através de satélites, comunicação, e observação da terra". "Isto gera inúmeros negócios porque as barreiras de entrada são cada vez menores: os dados estão disponíveis [em plataformas como o Google Earth, por exemplo] e muitas vezes são gratuitos. É a democratização do acesso a estas tecnologias." Uma das experiências mais arrojadas foi feita pela Connect Robotics, que recorre a drones para explorar um nicho de mercado: a distribuição sobretudo em zonas remotas. Em Setembro, a empresa levou comida ao último habitante de uma aldeia em Penela, com um drone autopilotado: bastou dar as referências geográficas.

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