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Sitava acusa gestão da TAP de degradar a empresa para ficar com "TAPzinha"

01 de setembro de 2020 às 12:31

Para o Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos, a TAP está neste momento a sofrer as consequências da decisão de não voar nos meses de abril, maio e junho.

O Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava) acusou hoje a gestão da TAP de estar a degradar a empresa, ainda com poucos voos, seis meses depois do início da pandemia de covid-19, para ficar com "TAPzinha".

"Não contem com o Sitava para assistir à degradação da companhia e virem depois dizer, que o que resta é uma 'TAPzinha'", defendeu o sindicato, em comunicado, acrescentando que, seis meses depois do início da pandemia que fez parar a operação da transportadora, os trabalhadores continuam a sofrer "cortes salariais e outros atropelos ao Acordo de Empresa".

Para o Sitava, a TAP está neste momento a sofrer as consequências da decisão de não voar nos meses de abril, maio e junho, ao contrário de outras companhias aéreas, tendo, por isso, perdido quota de mercado.

Segundo o sindicato, das grandes companhias que operam no aeroporto de Lisboa, a TAP é mesmo a que menos voa.

"A TAP precisa urgentemente de uma gestão comprometida com o projeto de recuperação da companhia. Fala-se agora a propósito de tudo e de nada na tal reestruturação. Mas qual reestruturação? O que a TAP precisa é de recuperar do marasmo para onde esta gestão a está a atirar. Em vez de reestruturar temos é que recuperar, e muito rapidamente", alertou.

O Sitava diz ainda que estão previstos para setembro 2.192 voos em Lisboa, contra os 5.580 que a transportadora tinha programado antes da covid-19, o que representa uma retoma de 39,3%.

Já para o Porto, para o mesmo período, estão previstos 370 voos, contra os 1.261 inicialmente previstos, traduzindo-se numa retoma de 29,3%.

No entanto, o sindicato diz que aqueles voos previstos sofrem cancelamentos diariamente e defende que a TAP tem que começar a voar de modo a manter a sua capacidade e dimensão.

"Mas afinal existe um novo CEO ou não? Existe uma nova Comissão Executiva ou também não? E o Governo Português que, corajosamente, meteu ombros à tarefa de salvar a companhia, agora também foi de férias? Ou todos eles entregaram o nosso futuro coletivo nas mãos da tal BCG [consultora escolhida pela TAP para apoiar no plano de reestruturação]?", questionou-se.

Recorde-se que, em 02 de julho, aquando do anúncio de que o Governo tinha chegado a acordo com os acionistas privados da TAP, passando a deter 72,5% do capital da companhia aérea, por 55 milhões de euros, o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, disse que o presidente da Comissão Executiva da TAP, Antonoaldo Neves, seria substituído "de imediato".

A Lusa questionou o ministério por que razão, passados dois meses daquelas declarações, Antonoaldo Neves continua na companhia aérea, não tendo obtido resposta até ao momento.

Na sexta-feira, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Aeroportos Manutenção e Aviação (STAMA), João Varzielas, acusou a TAP de "marasmo", por ainda estar a operar poucos voos enquanto outras companhias estão a encher o espaço aéreo.

"O que nós verificamos é as outras companhias a encher todo o espaço aéreo e a TAP continua num marasmo, sem voar, com as pessoas em terra, a pagar ordenados. Não se percebe", disse à Lusa o dirigente sindical.

No mesmo dia, o Conselho de Administração da TAP anunciou que ia aderir ao regime de apoio extraordinário à retoma progressiva, entre 01 e 30 de setembro, que prevê um mecanismo de redução do horário de trabalho para todos os trabalhadores.

Trata-se de uma medida que, segundo a Administração da TAP, tem como objetivo mitigar as consequências do surto de covid-19 na atividade da companhia aérea.

"A cada momento, avaliamos e adotamos as medidas adequadas para mitigar as respetivas consequências, quer no que respeita ao nosso plano operacional, quer no que respeita à proteção dos postos de trabalho, no atual contexto", lê-se na mensagem aos colaboradores.

A empresa refere ainda que está a viver uma retoma gradual da atividade, "que é ajustada sempre que estas circunstâncias assim o exigem", tendo em conta a evolução das medidas restritivas à mobilidade nos países onde a TAP opera e os sinais da procura.

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