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Magnata vietnamita vê recurso contra pena de morte negado

Débora Calheiros Lourenço 04 de dezembro de 2024 às 12:07

Durante os dez anos em que o esquema funcionou, Truong My Lan arrecadou cerca de 41 mil milhões de euros, os procuradores consideram que 25 mil milhões de euros resultaram de apropriação ilegítima e que 11 mil milhões foram desviados.

Truong My Lan, magnata imobiliária vietnamita, perdeu o recurso contra a sua sentença de morte a que foi condenada por ser considerada a líder por detrás da maior fraude bancária do mundo. 

REUTERS

Em abril, o tribunal de primeira instância concluiu que Truong My Lan controlou o Saigon Commercial Bank, o quinto maior credor do país, para conseguir empréstimos através de uma rede de empresas falsas. A mulher de 68 anos fica agora sem opção em relação à pena a que foi condenada a não ser que consiga pagar 75% do monente desviado. Nesse caso a pena passa a prisão perpétua. 

Durante os dez anos em que o esquema funcionou, Truong My Lan arrecadou cerca de 41 mil milhões de euros, os procuradores consideram que 25 mil milhões de euros resultaram de apropriação ilegítima e que 11 mil milhões foram desviados. O desvio de dinheiro é o crime financeiro mais grave no país e o motivo pelo qual foi condenada à morte.  

Na terça-feira, o tribunal disse que não existiam provas para reduzir a sentença de morte. No entanto, a vietnamita ainda pode evitar a execução se devolver 8 mil milhões de euros, três quartos dos 11 mil milhões que desviou.  

Os meios de comunicação locais referem que durante o julgamento, em abril, Truong My Lan manteve uma atitude desafiadora enquanto nas recentes audições estava mais arrependida, chegou até a referir que estava envergonhada por ter sido um peso tão grande para o estado e que as suas intenções eram tentar devolver o que tinha desviado. 

Nascida em Ho Chi Minh, começou por ser vendedora de cosméticos no mercado, onde ajudava a mãe. Depois de alguns anos conseguiu comprar terras e propriedades no seguimento da reforma económica introduzida pelo Partido Comunista em 1986 e na década de 1990 já possuía um grande portefólio de hotéis e restaurantes. Na altura em que o esquema foi descoberto. Truong My Lan era presidente de um importante grupo imobiliário, o Van Thinh Phat Group.  

Os advogados referiram que a vietnamita está a tentar ter acesso aos 8 mil milhões de euros o mais depressa possível, porém não está a ser fácil ter acesso aos seus ativos, já que estes se encontram congelados por causa do processo judicial. Entre os mais de de mil ativows contam-se propriedades de luxo em Ho Chi Minh e ações em empresas ou projetos imobiliários.  

Os advogados também defenderam que enquanto Truong My Lan estiver sob sentença de morte vai ser mais difícil negociar um valor para os seus ativos e investimentos e conseguir pagar os 8 mil milhões de euros do que se estivesse sob prisão perpétua.  

"O valor total dos seus ativos excede o valor de indemnização exigido. No entanto, estes exigem tempo e esforço para vender, porque muitos dos ativos são imóveis e levam tempo para liquidar", referiu o advogado Nguyen Huy Thiep antes do recurso ser rejeitado.  

O julgamento incluía outros 85 réus, todos condenados. Quatro deles foram sentenciados a prisão perpétua, enquanto os restantes, incluindo o marido e a sobrinha de Tryong My Lan, receberam penas entre três anos de pena suspensa e 20 anos de prisão efetiva.

No Vietname a pena de morte é tratada como um segredo de estado. O governo não publica quantas pessoas estão no corredor da morte, mas alguns grupos de ativistas pela defesa dos direitos humanos referem que o número é superior a 1.000 e que o Vietname é um dos países onde mais pessoas são executadas.

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