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Politécnico de Portalegre vai ter curso de produção de canábis para criar "mão de obra técnica qualificada"

Débora Calheiros Lourenço 13 de abril de 2025 às 14:00

Portugal é o segundo maior exportador de canábis do mundo, ficando só atrás do Canadá. José Telo da Gama, coordenador do novo curso, considera que existe ainda uma grande oportunidade de expansão.

O Politécnico de Portalegre vai passar a oferecer um curso técnico superior profissional de técnicas de produção e processamento de canábis sativa. 

Este é um curso considerado pioneiro na Europa e José Telo da Gama, coordenador da formação, explicou à SÁBADO que "neste momento há uma lacuna no mercado porque não existe mão de obra técnica qualificada para a produção". Muitas vezes "as empresas já existentes no mercado tentam formar os seus trabalhadores, mas tudo o que encontram disponível são cursos online totalmente teóricos".

"Muitos destes trabalhadores têm conhecimento de agronomia clássica e existem algumas diferenças para a produção de cannabis sativa", continua antes de explicar que as produções com THC, a que o curso vai ter especial atenção, "acontecem em estufas ou indoor, onde não estão expostas a qualquer tipo de luz solar, de forma a que seja possível controlar todos os processos de produção e garantir que seguem as obrigações do Infarmed". Este é um fator extremamente importante porque ao produzir canábis "estamos a produzir uma planta com o rigor necessário para um medicamento".  

Para combater a lacuna do mercado o curso foi "concebido de modo a responder à crescente necessidade no mercado nacional e internacional" de produção e transformação no "setor de canábis medicinal em ambiente controlado", refere o Politécnico de Portalegre no seu site. Este será um "curso extremamente prático, onde cerca de 70% do tempo será passado diretamente dentro da estufa a produzir", aproveitando a "experiência da escola de agronomia na área da produção agrícola", reforça o coordenador.  

Durante o curso "os alunos aprenderão a operar sistemas de cultivo em estufas, aplicar técnicas de automação e monitorização ambiental, gerir processos de propagação e transformação", assim como "compreender e implementar normas rigorosas de acordo com a GACP [Boas Práticas Agrícolas e de Colheita] e GMP [Boas Práticas de Fabricação]". José Telo da Gama considera que é essencial que os alunos passem por todas as fases da produção, "mas também do processamento, das necessidades legais para os licenciamentos do Infarmed e como devem gerir as suas próprias equipas, no caso de quererem criar novos projetos".  
Esta é uma questão especialmente importante porque "Portugal é o segundo maior exportador de canábis do mundo, ficando só atrás do Canadá". O professor partilha que "em Portugal existem 41 produtores, bastante concentrados no Alentejo", mas que existe um longo caminho para a especialização da produção e novos investimentos.

O curso conta ainda com a colaboração de alguns parceiros industriais, sendo o principal a MHI Cultivo Medicinal, uma subsidiária da farmacêutica canadiana MediCane Health Incorporated. Ainda assim existem "outros parceiros em Portugal e em Espanha" e "conversações com possíveis parceiros nos Estados Unidos", de forma a que "os estudantes possam ir ver como é que as coisas acontecem nas diferentes estufas e complementar a sua formação".

Este é um curso com a duração de dois anos letivos, que terá a sua primeira edição a partir de setembro deste ano e tem já a primeira fase de candidaturas abertas.

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