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Menos especialistas a prescrever injetáveis para diabetes vai resolver o problema? “Alguma coisa tinha de ser feita”

Débora Calheiros Lourenço 08 de agosto de 2025 às 07:00

José Silva Nunes, presidente da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade, não acredita que as dificuldades que os pacientes com diabetes têm em aceder a medicamentos como o Ozempic sejam totalmente ultrapassadas com esta medida.

A partir desta sexta-feira apenas os médicos de estão autorizados a prescrever injetáveis, como o , e sensores para diabetes, como os aparelhos de medição de glicose. 
Jens Kalaene/picture-alliance/dpa/AP Images
Ambos estavam a ser cada vez mais utilizados por pessoas com outras patologias, como a obesidade no caso do Ozempic, ou pessoas que apenas estão interessadas em monitorizar a sua saúde e começaram a seguir uma tendência já muito forte dos Estados Unidos de utilização de medidores de glicose, dificultando o acesso por parte dos doentes que necessitam desse tipo de medicamentos e dispositivos.   Agora, o Ministério da Saúde quer “regular e corrigir essas distorções, promovendo um acesso efetivo e adequado a essas ferramentas essenciais à saúde” permitindo apenas que os especialistas de endocrinologia e nutrição, medicina interna, pediatria e medicina geral e familiar prescrevam injetáveis e sensores para diabetes.   José Silva Nunes, presidente da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade, explica à SÁBADO que esta medida não vai conseguir resolver todos os problemas de acesso para os doentes com diabetes, mas defende que é um ponto de partida, pois “alguma coisa tinha de ser feita”.   “Havia a noção de que estes fármacos eram utilizados e prescritos por outras especialidades para fins que não estão previstos”, começa por recordar antes de exemplificar que “muitos dispositivos de monitorização de glicose são prescritos por dentistas” apenas para acompanhamento dos níveis de açúcar no sangue.   Ainda assim, José Silva Nunes admite que podem existir médicos destas especialidades que também prescrevem indevidamente, “mas a medida acaba por restringir as possibilidades, o que já é um bom ponto de partida”. O problema é especialmente grave no que toca ao Ozempic, uma vez que a prescrição indevida deste fármaco “é transversal a todas as especialidades” e “não quer dizer que não existam médicos das especialidades agora autorizadas a prescrevê-lo que não o façam indevidamente”.   O médico considera que é essencial que algo seja feito para garantir o acesso aos doentes com diabetes e partilha: “É extremamente revoltante ouvir as pessoas que precisam do fármaco e muitas vezes não conseguem encontrar uma farmácia onde esteja disponível porque outras pessoas estão a ter acesso indevido”.  José Silva Nunes explica que quando um doente não consegue mesmo ter acesso ao fármaco “ocorre um descontrolo da diabetes e consequente agravam-se as condições associadas”.   Assim sendo, o presidente da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade reforça que os médicos têm “o poder prescritivo” e que “ao facilitarem a vida a um doente, permitindo que obtenham o fármaco com uma comparticipação de 90%, estão a dificultar a de outros”.
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