Secções
Entrar

Covid-19: mitos e conselhos que peritos aconselham não seguir

10 de abril de 2020 às 17:23

A pandemia do novo coronavírus tem gerado muitas dúvidas sobre a forma como surgiu e se expandiu a doença e sobre a maneira correta de atuar.

A pandemia de covid-19 tem gerado muitas dúvidas sobre a forma como surgiu e se expandiu a doença e sobre a maneira correta de atuar, circulando muitos mitos e conselhos que peritos aconselham não seguir.

Num "guia básico contra as mentiras do coronavírus", a agência espanhola EFE colige "conselhos e dados" que se devem ignorar para "superar com êxito a pandemia".

Sobre as "teorias conspirativas" a circular para explicar a origem da doença, salienta a que afirma que o vírus foi fabricado num laboratório, quando a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) não conseguiu ainda identificar a fonte do SARS-Cov-2 (o coronavírus que provoca a covid-19) e os dados disponíveis sugerem que tem origem animal, provavelmente num morcego.

"Não é um vírus criado em laboratório", esclarece a OMS.

Outra teoria é que na origem da pandemia está um "complô" promovido por Bill Gates e planeado pelo instituto britânico Pirbright, provavelmente provocado pelo facto de este laboratório ter pedido, em 2015, uma patente para desenvolver um coronavírus, concedida em 2018.

Contudo, o objetivo era desenvolver uma vacina para tratar ou prevenir doenças respiratórias em animais de quinta e nada tem a ver com o surto surgido em Wuhan, no dentro da China. A Pirbright sublinha que não trabalha com coronavirus humanos, não desenvolveu a vacina, nem tem qualquer relação com Bill Gates.

Quanto à versão de que a doença surgiu porque os chineses comem animais exóticos, por ter sido divulgado que o foco de contágio poderia ter começado no mercado de marisco de Wuhan, onde se comercializavam ilegalmente animais selvagens para consumo, ela é rebatida com a declaração de que nem esta é uma prática generalizada nem é possível o contágio somente por esse motivo.

A teoria de que a doença foi criada por grupos farmacêuticos interessados em vender vacinas, é contrariada com o facto de a China ter rapidamente tornado pública a sequência do genoma do SARS-Cov-2, permitindo que qualquer laboratório no mundo avance com esse processo.

O "guia" elaborado pela EFE inclui também um conjunto de "recomendações que não funcionam" em matéria de prevenção, desde a urina infantil para lavar as mãos - que, ao invés de matar o vírus, pode conter pequenas quantidades de material viral ou bacteriano - aos benefícios da vitamina C, difundidos em vídeos que circularam pelas redes sociais, mas que a OMS assegura que não evita o contágio.

Quando muito, em grandes doses, a vitamina C pode ajudar a reduzir a duração de uma constipação, sublinha.

Vem depois a água quente ou o chá com limão e bicarbonato, uma "mezinha quase divina" com alegada origem em Israel, mas que, asseguram, nem promove a "alcalinização do sistema imunológico" nem reforça as defesas contra a doença.

Há ainda o alho, cujas propriedades antimicrobianas são reconhecidas, mas sem qualquer prova de que comê-lo proteja contra o SARS-Cov-2.

Beber muita água é outro conselho muito difundido, alegadamente por "uns médicos japoneses" que recomendam a sua ingestão a cada 15 minutos e que a garganta "nunca esteja seca" para evitar o contágio, mas que não tem confirmação da OMS.

Na parte sobre as "curas", a recomendação de que se tome diariamente cloreto de sódio dissolvido em água, difundida em vários vídeos, é comparada a sugerir que se tome lixívia, segundo a Agência de Medicamentos e Alimentos dos Estados Unidos, pois trata-se de um químico usado para branquear tecidos e papel na indústria.

"Não só não é eficaz, é ilegal", sublinha o "guia".

Se alguns saudaram a afirmação de que "a sobrevivência do coronavírus é impossível no vinho" e que "um consumo moderado pode ser benéfico", na verdade "não há nenhuma evidência de que o vinho ajude a combater" a doença, já que o vírus afeta, não o aparelho digestivo, mas os pulmões.

Também a cocaína, droga estimulante e aditiva, cujo consumo provoca graves efeitos secundários e na saúde das pessoas, "não funciona", sublinha a OMS.

São ainda contrariadas as teses que defendem o uso das vacinas pneumocócica e contra a gripe ou de antibióticos, estes eficazes contra as bactérias, mas não contra vírus.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 96 mil mortos e infetou quase 1,6 milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela