Secções
Entrar

Governo admite: houve subconcessões de "legalidade duvidosa"

29 de dezembro de 2015 às 11:26

Afirmação é do ministro do Ambiente que diz já não haver nada a fazer: reversão está em marcha, transportes vão voltar para o Estado

O Ministério do Ambiente admitiu "situações de legalidade duvidosa" nos processos dos contratos de subconcessão das empresas de transportes de Lisboa e Porto, reiterando que a decisão de reverter as subconcessões está tomada, faltando apenas formalizar.

Em entrevista à edição de hoje doJornal de Negócios, o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, mostrou-se compreensivo com a posição dos privados e as diligências diplomáticas, mas adiantou que, com a reconversão das subconcessões, o Governo "está a fazer o que é sua obrigação".

As conclusões da análise técnica do Ministério do Ambiente aos contratos de subconcessão das empresas de transporte público de Lisboa e Porto apontam, segundo o jornal económico, para sete pontos críticos, alguns dos quais considerados de legalidade duvidosa, num processo que está em vias de reversão.

João Matos Fernandes avança aoJornal de Negóciosque a decisão da reversão das subconcessões "está tomada", embora não tenha avançado mais pormenores sobre a decisão.

7 regras europeias não cumpridas
Questionado sobre a forma como o Governo vai agir, o ministro do Ambiente referiu, apenas, que o executivo está a tentar agora "corrigir a situação e impedir que os investidores se coloquem numa situação de desconformidade com a lei portuguesa e com as regras da União Europeia nesta matéria".

"Compreendemos a situação dos privados que celebraram os contratos de subconcessão e percebemos as diligências diplomáticas que têm vindo a ser adoptadas, mas o Governo está simplesmente a fazer aquilo que é sua obrigação. A preocupação do Governo é a garantia da legalidade e da salvaguarda do interesse público, e com isso, está igualmente a proteger aqueles que resolveram investir em Portugal, procurando que o façam num quadro de legalidade", frisou o responsável do ambiente.

O documento do Ministério do Ambiente aponta sete pontos críticos entre os quais o incumprimento de regras europeias e nacionais, os compromissos internacionais em matéria de alterações climáticas ou o aumento da oferta que implicaria negociação com os municípios.

De acordo com o documento, uma das regras determina que apenas pode ser subconcessionado um terço dos serviços de uma rede de um "operador interno" como forma de protecção da concorrência, quando o anterior Governo subconcessionou 100% da actividade.

João Matos Fernandes quando chegou ao ministério do Ambiente, e após ter decidido a suspensão dos processos de subconcessão, determinou à Carris, STCP e metros de Lisboa e Porto que enviassem a documentação relativa ao processo de contratação e cópias de todas as instruções recebidas da tutela relativas ao contrato de subconcessão e respectivo procedimento concursal.

Com base nestes documentos, o ministério do Ambiente chegou à conclusão de que os processos que travou conduziram ainda à degradação do serviço público de transportes e que foram criadas falsas expectativas no sentido de redução de custos.

A subconcessão das empresas públicas de transporte foi lançada pelo Governo de Passos Coelho (PSD/CDS-PP), que atribuiu à espanhola Avanza a exploração da Carris e do metro de Lisboa, à britânica National Express, que detém a espanhola Alsa, a STCP e à francesa Transdev o Metro do Porto.

No entanto, nove dias depois de ter entrado em funções, o Executivo de António Costa (PS) suspendeu "com efeitos imediatos", o processo.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela