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Caçadores querem integrar exceções ao estado de emergência

11 de novembro de 2020 às 16:40

Secretário-geral da Associação Nacional de Proprietário Rurais defende que a caça não pretende um tratamento "diferenciado" e que o que está em causa é a sobrevivência de um setor "fundamental" da economia rural.

A Associação Nacional de Proprietário Rurais (ANPC) acusa o governo de discriminação por não permitir que a caça integre a lista de atividades para as quais podem ser realizadas deslocações durante o estado de emergência.

Em declarações à agência Lusa, o secretário-geral da ANPC, João Carvalho, explica que a caça não pretende um tratamento "diferenciado" e que o que está em causa é a sobrevivência de um setor "fundamental" da economia rural.

"Não queremos um tratamento diferenciado relativamente a outras atividades, nem um livre trânsito durante o recolher obrigatório decretado nos 121 concelhos. A caça não quer um tratamento diferente. Queremos apenas que, fora desse período de recolher obrigatório, entre as 23:00 e as 05:00, possamos ir para o campo, onde estamos em isolamento social total, ao ar livre e, portanto, representamos um risco de contágio baixíssimo", explica João Carvalho.

O dirigente lembra que "há um conjunto de regras aprovadas pela Direção-Geral da Saúde (DGS) que realça o baixo risco de contágio" da atividade e que foi com surpresa que receberam a posição do governo, que classifica como "injusta".

"Desde que soubemos que a caça estava proibida que temos vindo a trabalhar nessa matéria, mas a situação tem-se arrastado e causado indignação, pois não estamos a falar só do caçador não ir para o campo. Está em causa a atividade económica no mundo rural que depende da caça, que representa 450 milhões de euros por ano e que, se não acontecer, vai condenar muitas empresas de restauração, hotelaria, empresas cinegéticas e milhares de postos de trabalho", sublinha João Carvalho.

De acordo com o secretário-geral da ANPC, a situação e a falta de resposta do governo tem gerado "indignação e contestação", pelo que não descarta a possibilidade de avançar com "outras forma de luta" caso a reunião do Conselho de Ministros, agendada para esta quinta feira, não traga uma alteração das atuais restrições para o setor.

"Apelamos ao bom senso do governo, mas, caso nada seja alterado, as três principais organizações do setor da caça têm previsto reunir de emergência e avançaremos para outras formas de protesto legais", garante João Carvalho.

Questionado pela Lusa, o Ministério do Ambiente e Ação Climática afirmou que esta é uma "matéria dependente do Conselho de Ministros", pelo que uma posição relativamente a este tema só será assumida após a sua realização, com a emissão do "respetivo comunicado".

A caça representa, anualmente, receitas de 450 milhões de euros, envolvendo 240 mil caçadores registados e cerca de 5.400 entidades concessionárias de zonas de caça, assim como milhares de postos de trabalhos permanentes e temporários, diretos e indiretos, em especial nas zonas rurais.

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