Balanço da depressão Elsa: sete mil ocorrências, 77 desalojados e dois mortos
Rios que galgaram margens, milhares de pessoas sem luz e milhares de ocorrências. Alerta laranja mantém-se esta sexta-feira.
Cerca de 7.000 ocorrências foram registadas em Portugal continental desde quarta-feira na sequência do mau tempo, que provocou até às 12h00 desta sexta-feira 77 desalojados, dois mortos e um desaparecido, segundo a proteção civil.
A informação foi referida aos jornalistas por Pedro Nunes, comandante da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), numa altura em que a depressão Elsa continua em deslocação de norte para sul.
O comandante referiu que os distritos mais afetados são Porto, Aveiro, Coimbra, Viseu, Braga e Lisboa, sendo a maior parte das ocorrências relacionadas com inundações e quedas de árvores.
O rio Douro galgou esta sexta-feira as margens e inundou zonas ribeirinhas de Vila Nova de Gaia e do Porto, disseram à Lusa fonte dos Bombeiros e da Polícia Marítima. De acordo com os Bombeiros Sapadores de Gaia, que registaram um total de 21 ocorrências durante a madrugada devido ao mau tempo, o Douro está já a alagar as zonas do Areinho e Afurada.
Pedro Nunes referiu também que foi acionado o plano de cheias para a bacia do Tejo e admitiu a possibilidade para "estradas nacionais e regionais cortadas" no distrito de Santarém, no final do dia. "Até às 20:00 deverá existir um agravamento do estado do tempo, sendo depois expectável que comece a estabilizar", afirmou.
Pedro Nunes indicou a possibilidade de inundações no Douro, com especial atenção para Régua e a foz, nas duas margens, afirmando que os caudais "não estão a estabilizar", podendo agravar-se a situação "durante a tarde e a noite".
Em relação ao rio Tâmega, Pedro Nunes referiu que o caudal baixou no período da manhã, mas que em Chaves e Amarante poderá agravar-se novamente.
Douro galga margens
O rio Douro galgou esta sexta-feira as margens e inundou zonas ribeirinhas de Vila Nova de Gaia e do Porto, disseram à Lusa fonte dos Bombeiros e da Polícia Marítima. De acordo com os Bombeiros Sapadores de Gaia, que registaram um total de 21 ocorrências durante a madrugada devido ao mau tempo, o Douro está já a alagar as zonas do Areinho e Afurada.
"Estamos a aguardar para ver o que acontece com a subida da maré, cerca das 09h30", disse a fonte. Também a Polícia Marítima disse à Lusa que se registou "uma subida excessiva do nível da água", do rio Douro que está alagar "zonas pedonais" do Porto e Gaia.
Milhares de pessoas sem luz
A região Centro do país é a mais afetada pelos estragos provocados pelo mau tempo na rede elétrica e, apesar de a situação ter melhorado, a EDP Distribuição ainda tem 117 linhas de média e alta tensão fora de serviço.
Segundo fonte da empresa, depois do pico de avarias, que ocorreu até cerca das 00h00 desta sexta-feira, a situação melhorou, mas milhares de pessoas ainda estão sem energia elétrica, uma vez que a rede ficou "bastante danificada" por causa da passagem da depressão Elsa. Na região centro, os concelhos mais afetados são Cantenhede, São Pedro do Sul, Tondela, Viseu e Aguiar da Beira.
A mesma fonte acrescentou que na região Norte a situação tem vindo a ser normalizada e que a região Centro é a mais afetada, sobretudo os distritos de Viseu, Coimbra, Guarda, Castelo Branco e parte do Porto. Para responder às falhas no serviço, a empresa está a instalar geradores de emergência, em particular em estações elevatórias, onde o restabelecimento é mais difícil.
Transbordo de águas no Tâmega
Já na quinta-feira, o presidente da Câmara Municipal de Chaves adiantou que o mau tempo registado no concelho, e que fez o rio Tâmega galgar as margens, já causou danos em habitações e equipamentos municipais, nomeadamente desportivos. O socialista Nuno Vaz acreditava que os "impactos negativos" da depressão Elsa possam ser ainda "mais relevantes" no concelho, no distrito de Vila Real.
Doze distritos de Portugal continental e a costa norte da Madeira estão esta sexta-feira sob aviso laranja, emitido pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), devido sobretudo a agitação marítima. O aviso vermelho, o mais alto de quatro níveis, que se mantinha ativo nos distritos de Viseu, Guarda, Castelo Branco, Coimbra e Aveiro devido a rajadas de vento, foi retirado cerca das 03h00.
Na Veiga de Chaves, que ocupa uma área de 2.500 hectares e que tem cerca de 8,5 quilómetros de comprimento e três de largura, existem "dezenas de casas" afetadas, quer no que diz respeito ao acesso e a danos causados sobretudo no rés-do-chão, disse aos jornalistas.
Aviso laranja mantém-se
Doze distritos de Portugal continental e a costa norte da Madeira estão esta sexta-feira sob aviso laranja, emitido pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), devido sobretudo a agitação marítima. O aviso vermelho, o mais alto de quatro níveis, que se mantinha ativo nos distritos de Viseu, Guarda, Castelo Branco, Coimbra e Aveiro devido a rajadas de vento, foi retirado cerca das 03h00. A partir dessa hora e até ao meio-dia estão com aviso laranja - o segundo mais grave - os distritos de toda a costa continental e a costa norte da Madeira, pelo perigo de agitação no mar.
Leiria, Santarém e Portalegre estão ainda sob aviso laranja devido às previsões de precipitação forte entre as 12h00 e as 15h00 nos dois primeiros casos e entre as 12h00 e as 18h00 no caso de Portalegre.
Os efeitos da depressão Elsa fizeram-se sentir também em Espanha, França e Irlanda, mas de formas diferentes. Enquanto na Irlanda o vento soprou a 180 km/h, em Espanha as cheias arrastaram carros pelas ruas. - Mundo , Sábado.
O IPMA colocou também Guarda, Castelo Branco e Évora sob aviso amarelo - o terceiro da escala - por causa do vento, e até às 12h00 nos distritos mais a norte e, em Évora, devido ao vento (até às 18h00) e à chuva (até às 06h00).
O mapa do instituto mostra apenas três distritos a verde, ou seja, sem avisos relativos às condições do tempo: Viseu, Vila Real e Bragança. O IPMA prevê que durante a madrugada a chuva persista em todo o território e entre o fim da manhã e o fim da tarde de sexta-feira nas regiões Centro e Sul. A nota acrescenta que na costa ocidental as ondas poderão agitar os sete metros e na costa sul os cinco metros.
Neve na Serra da Estrela
Algumas estradas de acesso ao maciço central da serra da Estrela estiveram esta sexta-feira encerradas devido à queda de neve e às condições meteorológicas adversas, disse à Lusa fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro de Castelo Branco, mas entretanto abriram. A fonte informou ainda que a ligação entre Piornos/Manteigas está condicionada, já que a chuva intensa fez aumentar o risco de derrocada.
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