Vêm-se cadáveres na estrada, junto a casas esburacadas, com toda uma vida embalada em malas, mochilas ou sacos caídos no momento final de uma bala a encontrar o seu alvo, testemunhas de um trânsito inocente em fuga das bombas de Putin.
As imagens produzem a poderosa narrativa de uma força bruta que se abate sobre gente indefesa. O corpo de uma mulher jaz numa beira de estrada. Tinha as unhas pintadas de um vermelho-vivo, provavelmente nesse mesmo dia em que morreu. Mantinha as rotinas de um tempo de paz debaixo das bombas russas, provavelmente para não se deixar dominar pela insanidade da guerra. Tomou a estrada em busca de uma réstia de vida e foi abatida. Mais à frente, o cadáver de um homem caído sobre a sua bicicleta. Metros adiante, outro homem jaz ao lado da sua bicicleta. Há muitos homens e mulheres caídos junto das suas bicicletas, nas estradas da morte de Irpin e Bucha, portas de entrada numa câmara de horrores que se adivinha muito mais apocalíptica. As bicicletas de Bucha materializam uma poderosa metáfora da infâmia ali praticada. São um símbolo de paz, de uma vida tranquila, esmagado pela brutalidade russa. Vêm-se cadáveres na estrada, junto a casas esburacadas, com toda uma vida embalada em malas, mochilas ou sacos caídos no momento final de uma bala a encontrar o seu alvo, testemunhas de um trânsito inocente em fuga das bombas de Putin. Surgem depois relatos de pessoas mortas com as mãos atadas. Pai e filho mortos quando saíam para procurar água. Valas comuns e corpos armadilhados.
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Talvez não a 3.ª Guerra Mundial como a história nos conta, mas uma guerra diferente. Medo e destruição ainda existem, mas a mobilização total deu lugar a batalhas invisíveis: ciberataques, desinformação e controlo das redes.
Ricardo olhou para o desenho da filha. "Lara, não te sentes confusa por teres famílias diferentes?" "Não, pai. É como ter duas equipas de futebol favoritas. Posso gostar das duas."