Sábado – Pense por si

Alberto Gonçalves
Alberto Gonçalves
10 de fevereiro de 2015 às 08:00

Pais & Filhos

Uma educação dedicada a catar complicações imaginárias acabou mesmo por criar complicações reais, infelizmente numa altura em que, após tantos desvarios, todos os intervenientes se encontram demasiado baralhados para as reconhecer

As necessidades das crianças são, no jargão sociológico, uma "construção social". Antigamente, tudo o que uma criança precisava era de alcançar o estatuto de bípede para ajudar na serralharia ou na pastorícia. No meu tempo, a criança já se queria nutrida e ligeiramente mimada, enquanto os projectos dos progenitores para o adolescente se resumiam a mantê-lo longe de atropelamentos, droga e más notas. Há uma ou duas gerações, esta simplicidade perdeu-se: em vez de castigar o fedelho que reagia com choro e não com pontapés ao brutamontes da turma, os pais começaram a acompanhá-lo no berreiro junto dos professores; em vez de sovar o fedelho malcriado ou estimular o caladinho, os pais chamaram-lhe "hiperactivo" ou autista e iniciaram-no na Via Ápia da psiquiatria; em vez de despertar a independência do fedelho, os pais acorrentaram-no a escolas, patetices "extracurriculares" e consolas de jogos; em vez de filhos, os pais passaram a ter preocupações.

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