Enfim, era exímio nessas coisas que os meus netos já não fazem. Nunca houve quem tivesse visto aquele homem exaltado, jamais alguém lhe ouviu a voz encarniçada
Era um gosto de ver, dizem os outros e digo eu como se nos visse reflectidos na montra das lojas chiques. Aos Domingos, íamos sempre à missa. Descíamos de mão dada, luminosos como a perfeição que nosso senhor juntou e só a morte separa. Acordávamos cedo, tomávamos o pequeno almoço no café do quarteirão com a melhor vista para a vida dos outros. A mesa era sempre a mesma, já reservada por tradição. Eu acordava um pouco mais cedo para engomar a roupa do meu marido, coitado, que chegava sempre tarde do trabalho. Todos os anos, comprava-lhe um fato novo pelo Natal. Era um peralvilho, sempre foi. Quando nos conhecemos, num bailarico da freguesia, caí de encanto. Foi tudo muito rápido. Na semana seguinte, num dia de folga da tropa, ficámos noivos. Os meus pais estavam orgulhosos. O meu Pai, sempre tão severo com qualquer rapaz que atirasse vento para as minhas saias, recebeu o meu marido com inaudita mesura. Durou pouco mais do que cinco minutos aquela conversa entre homens. Nem a minha mãe teve uma palavra a dizer. O assunto estava resolvido e eu estava radiante, noiva do rapaz mais bonito da freguesia, talvez da cidade. E de boas famílias, vincava o meu pai.
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António Ramalho Eanes, general e Presidente da República, com a sua assinalável sabedoria e enorme bom-senso, disse que essa é uma data que deve ser assinalada e recordada, mas não comemorada.
A casa, o escritório, o carro são também onde mostramos as nossas aspirações, sonhos e intenções. Observar como as pessoas os escolhem e decoram, em que gastam dinheiro e o que ignoram, dá-nos informação.