Do insustentável não há dinheiro ao há dinheiro a mais
É geracional e cultural e, embora os mais jovens não sofram desse mal, sofrem de outro, que tem medida igual. São ansiosos e vivem em medo, com medo de tudo, especialmente do futuro.
Que o capital está mal distribuído, todos sabemos. Que essa distribuição é cada vez mais desigual, também. Mas é quando percebemos que há dinheiro, muito dinheiro, e que as opções não são as melhores, tudo piora. Portugal é sempre aquele país que sofre por ser pequeno no tamanho e grande no ego, ou nas intenções, embora a maior parte dos portugueses tenha um ego do tamanho do mindinho, achando que os outros são sempre melhores ou maiores. É geracional e cultural e, embora os mais jovens não sofram desse mal, sofrem de outro, que tem medida igual. São ansiosos e vivem em medo, com medo de tudo, especialmente do futuro. Voltando ao capital que é, afinal, a raiz do medo e o motor disto tudo, a comunicação social sofre por não haver dinheiro. A sociedade, também. Os que trabalham em marketing, também. Os freelancers. Os das lojas, com turnos de 10h que deixam a loja entregue a um funcionário a partir das oito da noite. Supostamente, o movimento diminui. Ou não. Parece que não há dinheiro, mas há. Só não há para aquilo que deveria haver, uma gestão focada nas pessoas e no bem-estar, investimento em órgãos de comunicação social fortes e independentes, que contribuíssem activamente para a educação, formação e distração do cidadão. Casas, cidades e bairros com sentido de comunidade, que não levassem as pessoas a fechar-se em casa ou passear no centro comercial. O centro comercial, meca do consumo que alimenta o capital. A comunicação foca-se na distração, garantindo que o capital continua a circular sem nunca parar, sem nunca assentar onde deveria estar: no fomento de uma sociedade justa, igualitária e equitativa, com cidadãos que contribuem activamente para o desenvolvimento social, evolução cultural e dinamismo democrático. Contudo, tal não convém a quem detém o capital, porque uma sociedade assim é mais atenta e predisposta ao escrutínio e responsabilização, sendo na ausência dessas características que se desenvolve um padrão social que convém a todos, menos aos que ali vivem. Onde quer que seja. Se a comunicação social está dependente de interesses económicos e políticos para sobreviver, se é controlada por esses mesmos poderes e interesses, como pode denunciar os malefícios do açúcar? Há muitos anos, Francisco Pinto Balsemão dizia isto mesmo: se o dono do jornal for a empresa do açúcar, dificilmente escreve sobre açúcar. O mesmo para tudo na vida, glorificando o nada, numa cultura do vazio que valoriza o espectáculo, mesmo que este seja triste de ver. E, por isso, esta ideia de que não há dinheiro precisa acabar porque se há dinheiro para festas faustosas, também tem de haver para comunicar o que financia essas festas. Se há para patrocinar grandes eventos, também tem de haver para suportar os pequenos, criados para fazer pensar. Se há dinheiro para mísseis e missões… Irão?
Do insustentável não há dinheiro ao há dinheiro a mais
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