Violência contra pessoas idosas
A violência contra os idosos tende a ser deixada para plano de fundo, sendo a sua existência silenciada ou negligenciada.
A violência doméstica é um fenómeno que tem reunido crescente escrutínio nas últimas décadas, graças à ação de instituições de apoio à vítima, forças policiais e, acima de tudo, graças à atuação progressiva das próprias vítimas e seus familiares, que reportam estas ocorrências e, como tal, permitem uma cessação desta problemática. No entanto, ainda que reconheçamos que a violência entre parceiros íntimos e os maus-tratos a crianças são foco (compreensivelmente) de preocupação e intervenção, a violência contra os idosos tende a ser deixada para plano de fundo, sendo a sua existência silenciada ou negligenciada. Esta realidade torna-se mais alarmante quando consideramos que os dados mais recentes da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) apontam para milhares de pessoas idosas vitimadas anualmente. Não poderemos, contudo, esquecer que estes dados dizem respeito, apenas, às vítimas que procuram apoio, sendo a dimensão deste grupo, potencialmente, muito superior.
Reflitamos, então, um pouco sobre esta temática: em que consiste a violência contra o idoso, quais são as suas principais características e fatores de risco, quais as suas principais consequências e, por fim, o que poderemos fazer para ajudar as vítimas e prevenir o seu sofrimento.
A violência contra o idoso consiste em qualquer ato contra pessoas idosas, no seio familiar ou em contextos institucionais (isto é, em hospitais, centros de saúde, lares, entre outros), e que põe em causa a sua vida, bem-estar físico e psicológico e a sua estabilidade financeira, autonomia e desenvolvimento da sua personalidade. Simplificando, podemos categorizar a violência contra o idoso em cinco grupos: abuso físico; psicológico ou emocional; financeiro ou material; sexual; negligência.
Dado que grande parte do abuso contra idosos é feito no seio familiar, pode ser difícil compreender, num primeiro momento, como os cuidadores podem, mais tarde, tornar-se vítimas. A realidade é que a violência contra o idoso pode surgir em consequência do contexto (por exemplo, quando os familiares não conseguem lidar com as exigências inerentes ao cuidado de alguém dependente, negligenciando as suas necessidades básicas), de psicopatologia dos familiares (se estes padecerem de uma perturbação mental, há um maior risco de maltratarem idosos na família), ou pode ocorrer transgeracionalmente. Isto significa que, se os idosos foram abusivos para com a sua família no passado, esta dinâmica familiar pode inverter-se quando os idosos se tornam dependentes, transformando as anteriores vítimas em agressores e o anterior agressor em vítima. Reconhece-se, pois, que esta problemática não ocorre de forma igual em todas as famílias, podendo vários fatores interagir e contribuir para a violência contra pessoas idosas.
Quanto à caracterização das vítimas, sabe-se que mulheres idosas têm um risco superior de serem vitimadas e de sofrer de violência física e sexual. O isolamento social dos idosos, o seu nível de dependência e as suas limitações físicas, cognitivas e psicológicas contribuem, também, para um superior risco de maltrato. Já no que respeita aos agressores, a literatura indica que a falta de suporte social, a dependência financeira da família para com os idosos, a existência de problemas psicológicos e o abuso de substâncias aumentam a probabilidade de se vir a maltratar as pessoas idosas da família.
Tratando-se de pessoas com possíveis fragilidades do ponto de vista físico, cognitivo e psicológico, é certo que as consequências da violência nos idosos são dramáticas. O desenvolvimento de depressão, ansiedade, isolamento social e solidão são possíveis consequências psicológicas, mas, em situações de violência grave, o dano físico e até a morte podem ocorrer. Considerando estas consequências, a intervenção psicológica junto das vítimas é, sem dúvida, indispensável, procurando trabalhar sobre o impacto psicológico que estas experiências têm, sem dúvida, em si. Contudo, uma medida penal (por exemplo, afastamento da vítima) e a intervenção com os agressores também é necessária, para garantir uma mais adequada gestão emocional e uma adaptativa dinâmica familiar.
Em Portugal, há um risco superior de abuso psicológico, sexual e financeiro contra os idosos, diz um estudo realizado pela Agência Executiva para a Saúde e para os Consumidores da União Europeia, que comparou diversos países europeus. No entanto, continua a ser uma realidade pouco reportada ou reconhecida, a nível societal.
A invisibilidade deste tipo de violência é, até certo ponto, compreensível. No final de contas, reconhece-se que, para pessoas idosas, fazer queixa dos seus filhos, sobrinhos ou netos às autoridades é um ato de traição inconcebível. É uma vergonha que, não raras vezes, trava a coragem de pedir ajuda, ou até mesmo de admitir o que se passa dentro casa. No entanto, é a denúncia a principal forma de travarmos estas ocorrências. Como tal, é a forma mais eficaz de prevenirmos o agravamento da violência e ajudarmos quem mais necessita, salvaguardando a sua segurança e, em último caso, a sua vida.
Se tem conhecimento destas situações, reporte-as. Não seja cúmplice, não deixe uma vida de experiências resumir-se a uma vida de violência na velhice.
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