Secções
Entrar

Papa Francisco acena bandeira branca aos opositores

04 de abril de 2017 às 21:39

O Sumo Pontífice pôs termo a um longo conflito entre o Vaticano e a Fraternidade Sacerdotal São Pio X. A carta, divulgada hoje, permite que os padres da comunidade de Lefebvre celebrem casamentos

O papa Francisco decidiu validar, sob certas condições, a celebração de casamentos por padres lefebvristas, num novo esforço de reconciliação com a comunidade tradicionalista, que cortou relações com a Igreja Católica.

Numa carta enviada à Fraternidade Sacerdotal São Pio X, e divulgada hoje, o Vaticano refere que, "na medida do possível", um padre católico de diocese deverá assistir ao casamento e receber o consentimento do casal. O acto será seguido pela celebração de uma missa pela Fraternidade.

Contudo, se nenhum padre de diocese estiver disponível, um padre lefebvrista, cuja ordenação não é reconhecida plenamente pelo Vaticano, poderá receber o consentimento do casal, ressalva o texto aprovado pelo papa Francisco.

A Igreja Católica pretende, deste modo, "evitar os debates de consciência entre os fiéis que aderem à Fraternidade Sacerdotal São Pio X e as dúvidas sobre a validade do sacramento do casamento, facilitando o caminho para a plena regularização institucional", assinala a carta.

Para não deixar os fiéis "na dúvida", o papa autorizou, em 2015, os padres lefebvristas a ouvirem confissões. Fundada em 1970 pelo arcebispo Marcel Lefebvre (1905-1991), a Fraternidade Sacerdotal São Pio X, com sede na Suíça, tem 600 padres em vários países.

Hostil à reforma da Igreja levada a cabo a partir do Concílio Vaticano II (1962-1965), a comunidade tradicionalista rompeu com a Igreja Católica em 1998. Na carta, o Vaticano lembra ainda "a situação canónica, de momento, de ilegitimidade na qual se encontra a Fraternidade São Pio X".

Estatutos próprios
O arcebispo Guido Pozo, representante do Vaticano no diálogo com a comunidade tradicionalista, disse hoje, numa entrevista à agência especializada I.media, que decorrem conversações visando a reintegração da comunidade na doutrina católica através de uma "prelatura pessoal", como sucede com o movimento Opus Dei, o único com este estatuto jurídico.

A "prelatura pessoal" permite à Fraternidade Sacerdotal São Pio X "conservar plenamente a sua identidade espiritual, disciplinar, teológica e pastoral, com a elaboração de um estatuto próprio que contém leis particulares", explicou Guido Pozo, em declarações a um jornal alemão.

O Vaticano excomungou, em 1988, Lefebvre e outros quatro bispos, depois de Lefebvre os ter consagrado sem consentimento papal.
Num gesto de aproximação com a comunidade tradicionalista, Bento XVI retirou as excomunhões e permitiu, no seu pontificado, a celebração de missas em latim.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela