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Finalmente há casa para os Artistas Unidos: companhia vai ficar em Marvila

A companhia, que teve de abandonar o Teatro da Politécnica há um ano, vai ter nova morada na Rua do Açúcar. Contrato será por 10 anos, prorrogável. Falta apenas formalizar.

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Edição de 13 a 19 de agosto
Lusa 27 de junho de 2025 às 10:38
Artistas Unidos
Artistas Unidos Sérgio Lemos

A companhia de teatro Artistas Unidos vai ter um novo espaço num edifício da Câmara de Lisboa na Rua do Açúcar, na freguesia de Marvila, após impossibilidade de regressar ao Bairro Alto, anunciou esta quinta-feira o vereador Diogo Moura.

"Os Artistas Unidos já têm um espaço municipal, esse espaço é na Rua do Açúcar, n.º 37, que estava ocupado até há bem pouco tempo pelo espólio do cineasta entretanto falecido António da Cunha Telles, portanto esse espaço está a ser esvaziado e é aí que será o novo espaço dos Artistas Unidos", revelou o vereador da Economia e Inovação, Diogo Moura (CDS-PP), no âmbito de uma reunião da Assembleia Municipal de Lisboa (AML).

O autarca falava a propósito da apreciação da petição "Por uma nova morada para os Artistas Unidos", com um conjunto de recomendações dirigidas à câmara, propostas pela 7.ª Comissão de Cultura da AML e aprovadas, em plenário, com a abstenção de CDS-PP e Aliança.

"Recomenda-se à Câmara Municipal de Lisboa que concretize com urgência uma solução para resolver o problema das instalações permanentes dos Artistas Unidos que se arrastam no tempo, com graves prejuízos para o público, para a companhia, para a cidade e a sua vida cultural", lê-se na proposta.

O documento aprovado sugere, também, que o executivo camarário, enquanto não se concretize a cedência das instalações permanentes, ceda um espaço adequado para armazenamento de todo o espólio e equipamentos dos Artistas Unidos.

Em resposta às recomendações da AML, o vereador Diogo Moura disse que já existe um espaço de armazenamento atribuído aos Artistas Unidos, num edifício municipal na Ameixoeira, onde a companhia de teatro tem toda a sua documentação e espólio.

Quanto ao novo espaço dos Artistas Unidos na Rua do Açúcar, o vereador indicou que a câmara e a companhia de teatro estão agora a tratar das questões mais formais para formalizar o acordo de cedência deste imóvel municipal.

Após a impossibilidade de os Artistas Unidos se manterem no Teatro da Politécnica, espaço que é propriedade da Universidade de Lisboa, "entidade pública que não permitiu que houvesse uma continuidade da companhia naquele espaço", a câmara tentou arranjar uma solução, reforçou Diogo Moura.

Em julho de 2024, a companhia de teatro Artistas Unidos teve de entregar a chave do Teatro da Politécnica, onde esteve nos últimos 13 anos.

O vereador lembrou que, desde o início do mandato 2021-2025, a câmara trabalhou numa solução para que os Artistas Unidos voltassem ao Bairro Alto, o que não se concretizou, porque "não era possível adaptar o edifício, o valor era muito alto, e os próprios entenderam que não fazia face a todas as necessidades, nomeadamente técnicas, para levar a cabo a sua programação".

Em causa estava a proposta de acolher os Artistas Unidos no antigo edifício de A Capital, no Bairro Alto.

Depois disto, a câmara procurou alternativas, tendo chegado à opção do edifício municipal na Rua do Açúcar, disse Diogo Moura.

"Penso que o assunto está resolvido, para bem da cultura e para bem desta companhia", concluiu.

O autarca do CDS-PP ressalvou que, desde julho de 2024 e até ao momento, os Artistas Unidos não deixaram de ter programação e a própria Câmara Municipal de Lisboa disponibilizou equipamentos municipais, inclusive no Teatro Variedades, no Parque Mayer.

"Quase um começar de novo", diz a companhia

Um dos diretores dos Artistas Unidos disse esta quinta-feira que a companhia está num momento "quase de começar de novo", agora que está encontrado um novo espaço municipal para os acolher.

"Ainda não existe a formalização [da entrega do espaço], existe toda a intenção, o espaço já foi visto, falta só formalizar para nós podermos entrar e começarmos a fazer o que precisamos", disse João Meireles, da direção dos Artistas Unidos, à agência Lusa.

"Já sabemos mais ou menos o que nos espera, é um contrato de cedência sem mais, em que todas as benfeitorias e adaptações correrão por conta dos Artistas Unidos na medida das possibilidades que nós tivermos", acrescentou João Meireles à agência Lusa, realçando que a companhia ainda aguardava pelo texto final do contrato.

Questionado sobre prazos, o ator e encenador disse que o contrato de cedência vigorará por "dez anos, o que já dá um horizonte de trabalho possível". O prazo é prorrogável caso a companhia continue a prosseguir os fins, adiantou.

O objetivo dos Artistas Unidos é "abrir em setembro", ainda que não tenham os recursos disponíveis para nessa altura já terem "um teatro montado".

"Portanto, vamos adaptando aquele armazém, que tem potencialidade em termos de volumetria, a área é boa, tem um bom pé direito", disse, advertindo que ainda há que "ver com muita atenção questões estruturais do edifício".

O novo espaço, que só tem uma porta e no qual terão de abrir outra, já "acomoda" e dá "alguma segurança e estabilidade" para concorrerem aos dois próximos quadriénios de financiamentos da Direção-Geral das Artes, referiu ainda João Meireles.

"O que não é mau, mas vão ser uns anos de esforço acrescido de ir montando as salas", frisou João Meireles, acrescentando que contam dispor de duas salas no novo espaço, para que possam apresentar "mais do que um espetáculo por dia e acolher outras estruturas".

Ainda assim, é "quase um começar de novo", enfatizou, depois de dois anos no espaço A Capital e 13 no Teatro da Politécnica, a companhia fundada em 1995 chega à Rua do Açúcar a "um armazém vazio", contando apenas com "o que têm conseguido captar em termos de financiamento, de recursos, de vontade e de energia para recomeçar outra vez a construir uma sala de espetáculos, salas de ensaio, escritórios... tudo".

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