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Dorothée Munyaneza e Coletivo Gira abrem Alkantara Festival em novembro

O festival propõe, este ano, 14 espetáculos e performances, que incluem três estreias absolutas nos palcos e seis estreias em solo nacional.

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Edição de 21 a 27 de outubro
Lusa 22 de outubro de 2025 às 22:00
Uma das propostas é o espetáculo 'Cantar', uma criação do artista brasileiro Francisco Thiago Cavalcanti com o seu coletivo artístico, que será apresentado na Culturgest nos dias 21 e 22 de novembro
Uma das propostas é o espetáculo "Cantar", uma criação do artista brasileiro Francisco Thiago Cavalcanti com o seu coletivo artístico, que será apresentado na Culturgest nos dias 21 e 22 de novembro Walesca Timmen

A edição deste ano do Alkantara Festival vai levar a Lisboa, em novembro, projetos de artistas com raízes de múltiplos continentes, como Dorothée Munyaneza, o Coletivo Gira e Sofia Dias & Vítor Roriz, anunciou esta quarta-feira a organização.

Sob o mote "Repetir, lembrar, imaginar, resistir", o certame internacional dedicado às artes performativas apresentará, entre 14 e 23 de novembro, obras de artistas portugueses e estrangeiros numa dezena de palcos e espaços culturais da capital, segundo a programação divulgada pela organização.

"A repetição é um gesto de inscrição, uma forma de não esquecer. E, no entanto, vivemos também num mundo de repetições impensáveis: genocídio, ocupação, violência brutal contra o povo palestiniano, apesar das convenções e leis internacionais, apesar da humanidade, apesar do 'nunca mais', sustenta a dupla de diretores artísticos do festival, Carla Nobre Sousa e David Cabecinha, no texto da programação.

A coreógrafa ruandesa Dorothée Munyaneza e Roda de Sample & Coletivo Gira vão abrir o certame no dia 14 de novembro, na Culturgest e nas Carpintarias de São Lázaro, respetivamente, indica a associação cultural Alkantara.

Dorothée Munyaneza apresentará a Umuko, o nome de "uma árvore ancestral de flores vermelhas vivas, símbolo de cura e guardiã das histórias que atravessam gerações", segundo a sinopse deste novo trabalho da artista africana que será uma estreia nacional.

Juntamente com cinco jovens artistas ruandeses --- bailarinos, músicos e poetas --- Munyaneza "celebra a criatividade, a audácia e a liberdade de uma nova geração nascida depois do genocídio contra a população tutsi no Ruanda, que dilacerou o país africano em 1994, carregando a memória de uma herança comum enquanto sonha o futuro, e resiste à precariedade do quotidiano".

Nas Carpintarias de São Lázaro vão estar Roda de Sample & Coletivo Gira, num projeto conjunto de celebração da abertura do festival "em torno do som, do corpo e da cultura afro-brasileira", elementos principais do projeto Roda, "com mais de uma década de encontros pelo mundo fora", encabeçado em Portugal por Ágatha Cigarra.

As "rodas" do grupo reúnem produtoras e colecionadoras de sons de diversos contextos e vertentes, celebrando a multiplicidade de vozes, 'samples', instrumentos, luzes e performances.

Para a noite de abertura do festival, o convite para fazer parte da roda foi lançado ao Coletivo Gira, movimento criado por mulheres imigrantes em Portugal, "que através de rodas de samba cria espaços de resistência, alegria e igualdade de género".

O festival, que conta com cinco estreias nacionais e três estreias absolutas, marcará presença em Lisboa cruzando diferentes artes performativas -- dança, teatro e performance -- com outras áreas artísticas e de conhecimento, segundo a direção artística, que defende a repetição no trabalho artístico como forma de "transportar memória e desejo de futuro".

Além de Dorothée Munyaneza e da Roda de Sample & Coletivo Gira, o cartaz integra Tiran Willemse, Terra Batida, Mario Barrantes Espinoza, Chiara Bersani, Luísa Saraiva, Vânia Doutel Vaz, María del Mar Suárez (La Chachi), Dori Nigro, Stephanie Kayal & Abed Kobeissy. Noha Ramadan, Sofia Dias & Vítor Roriz e Francisco Thiago Cavalcanti & um cavalo disse mamãe completam o cartaz de artistas convidados para a edição deste ano, estes últimos com espetáculos em estreia absoluta.

Organizado pela associação cultural Alkantara, o festival apresenta projetos artísticos que cruzam diferentes práticas e abordam questões sociais, políticas e culturais contemporâneas, promovendo um diálogo entre criadores e públicos.

A artista australiana Noha Ramadan atuará no Teatro do Bairro Alto a 15 e 16 de novembro, com um trabalho que junta a dança, teatro e cinema, intitulado "PósMito (e cintilámos ao atravessar de uma realidade para outra...)".

Por seu turno, a dupla de artistas portugueses Sofia Dias & Vítor Roriz irá atuar entre 19 e 22 de novembro no espaço ZDB 8 Marvila, para apresentar "O que se abre em nós", um dueto em que "os materiais coreográficos, sonoros e textuais emergem de uma pesquisa em torno da tensão entre a banalidade do quotidiano e a intensidade da cena".

O artista brasileiro Francisco Thiago Cavalcanti e o seu coletivo artístico independente e multidisciplinar vão apresentar Cantar, na Culturgest, a 21 e 22 de novembro, onde oito pessoas "resistem e sobrevivem num mundo violento e em colapso".

Nos últimos três dias do festival, acontece também Bridges, o programa do Alkantara que promove o encontro entre 40 profissionais de artes performativas --- equipas artísticas e profissionais de programação --- de Portugal e de outros contextos internacionais com um programa de espetáculos e momentos de convívio para fortalecer redes de colaboração, promover artistas com prática em Portugal e incentivar novas parcerias, segundo a organização.

O Alkantara Festival 2025 acontecerá ainda no Centro Cultural de Belém, Centro de Arte Moderna Gulbenkian, Teatro do Bairro Alto, Sala Estúdio Valentim de Barros/Jardins do Bombarda (em coapresentação com o Teatro Nacional D. Maria II), Galerias Municipais - Galeria Quadrum e Espaço Alkantara.

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