Agostinho da Silva foi uma figura das nossas letras a vários títulos admirável. Mas foi um homem que levou particularmente a sério a tarefa de pensar Portugal e, no fundo, o nosso lugar histórico na aventura da Humanidade. E isto sem querer se socorrer das "grandes narrativas" importadas do estrangeiro, fosse a interpretação liberal da história, e da necessária adaptação do País às suas exigências, fosse – escândalo dos escândalos para a intelectualidade lusitana – o marxismo do costume que apenas admitia em Portugal a república aterrorizada e esquálida dos sovietes. No final dos anos 80 até à sua morte, a figura de Agostinho da Silva cativou um número crescente de pessoas – pela sua obra e sobretudo pela sua personalidade. Eu fui uma dessas pessoas e sempre estive grato por ter privado com ele.