No final de junho, durante a Semana da Moda de Milão, em Itália, algumas das principais marcas italianas mostraram o que têm preparado para a Primavera/Verão de 2026. Os desfiles centraram-se nas coleções masculinas e houve um momento que está a dar que falar.
Durante a apresentação da Prada, jovens modelos mostraram umas sandálias de couro que causaram a surpresa a mais de 7.000 quilómetros de distância, no estado de Maharashtra, o segundo mais populoso da Índia. É que, acusam os artesãos da cidade de Kolhapur, a Prada terá "roubado e replicado o nosso trabalho artesanal". As "chappals" (assim é conhecido este tipo de calçado) são motivo de orgulho local, de acordo com a Câmara de Comércio deste estado indiano.
Confrontada com a posição dos fabricantes indianos, que se alastrou a políticos e ativistas locais, a marca italiana de alcance global defendeu-se das acusações de apropriação cultural e exploração financeira de uma criação indiana, reconhecendo que as sandálias são, de facto, "inspiradas na tradição indiana de calçado feito à mão".
Este tipo de calçado é bastante popular em toda a Índia, sendo apropriado para ocasiões especiais, como casamentos e festivais. Os representantes dos fabricantes já puseram em marcha uma série de encontros com ministros e parlamentares indianos, lembrando que as sandálias originais de Kolhapur estão disponíveis, nos mercados locais, a cerca de 10 euros.
Dois dias depois do desfile, a Prada reagiu, reconhecendo a importância cultural das sandálias e garantindo que tudo está numa fase inicial de desenvolvimento e que "não está confirmado que qualquer uma das peças seja produzida ou comercializada", refere a cadeia televisiva Al Jazeera.
Os preços das sandálias da marca italiana tendem a custar mais de €700 (chegando, por vezes, a superar os €1.000) o par.