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Crítica de cinema: Hereditário

"Hereditário é dos filmes mais assustadores dos últimos anos", escreve Tiago R. Santos na sua crítica

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Tiago Santos 11 de julho de 2018 às 10:33

A avó Graham faleceu. Annie, uma artista plástica que recria a realidade em miniaturas - talvez para tentar manter algum controlo, masHereditáriorapidamente destrói essa ilusão - está de luto pela morte da mãe; a imaginação mórbida de Charlie, a filha mais nova, é (no mínimo) alarmante e Peter, o adolescente, refugia-se em constantes nuvens de erva. Steve, o pai, tenta ser a voz do bom senso. Mas Ari Aster estabelece, desde o primeiro plano prodigioso, que os Graham não são mais do que personagens controladas por um destino cruel, figuras de uma tragédia grega contemporânea. Tal como nas suas curtas (The Strange Thing About the JohnsonseMunchausen, disponíveisonline), o jovem realizador americano desconstrói e perverte os laços familiares tradicionais até se transformarem em pesadelos. Apesar das respostas não serem tão interessantes como as questões que o filme coloca - o que é frequente no género de terror -,Hereditárioé uma impressionante obra de estreia, apoiada em interpretações extraordinárias (Collete é um colosso de dor, Shapiro é perturbante, Alex Wolff o medo encarnado) e num controlo total do tom do filme - o ambiente criado pela fotografia de Pawel Pogorzelski e a música de Colin Stetson é tão denso que parece difícil respirar. Aster refere Polanskivintagecomo referência -Repulsa e A Semente do Diabo- e também há por aqui alguma coisa deUma Lista a Abater, de Ben Wheatley.Hereditárioé dos filmes mais assustadores dos últimos anos.

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