O júri do Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís, presidido por Guilherme d'Oliveira Martins, decidiu "anular a decisão anterior" e não atribuir o prémio, no valor de 10 mil euros, a Carla Pais.
A decisão baseou-se no conhecimento de que a autora "publicara já, numa editora portuguesa, uma obra de teor romanesco", lê-se na ata, segundo a Lusa.
De acordo com o regulamento, o prémio distingue uma primeira obra, não devendo o autor, ter publicado anteriormente qualquer obra de ficção.
Na ata lê-se que o júri distinguiu, "em tempo próprio, a obraMea Culpa, apresentada sob pseudónimo por Carla Pais, no pressuposto da sua conformidade com as normas do concurso".
Carla Pais, natural de Regueira de Pontes, no concelho de Leiria, publicou o romanceRenascer há cinco anos. Segundo o site da Câmara Municioal de Leiria, este terá sido o "terceiro livro que a escritora publica, no espaço de dois anos", e adiantava que "o quarto romance" estava "a ser escrito online."
Quando atribuiu o prémio, o júri considerou que o romance da autora portuguesa transportava "o leitor para um duro patamar de existência humana e social. Miséria e decadência sob formas violentas, que vão do incesto a diversos modos de servidão, [que] circunscrevem relações humanas envenenadas por injustiças e desesperos".
Carla Pais, que vive em Paris, onde trabalha num Centro de Formação à Distância, ficou surpreendida com a distinção. "Nunca me passou pela cabeça arrecadar o galardão. Ainda assim precisava de tentar; saber se aquilo que escrevera podia ser apreciado por um júri. Foi por isso que concorri ao Prémio Agustina Bessa-Luís", disse.