Metade dos meus amigos que por cá passam comigo o fim-de-semana já desistiram de assistir à cerimónia. (...) E, mesmo sabendo isso e tendo a certeza que no final da noite haverá apenas um encolher de ombros e a questão de "por que raio é que insisto em ver os Óscares todos os anos", não me passaria pela cabeça fazer o mesmo
Não consigo explicar porque é que continuo a fazer noitadas só para ver os Óscares. Qualquer ilusão de que a cerimónia serve para premiar as melhores produções americanas desapareceu quando insultei a televisão no momento em queForest GumpderrotouPulp Fiction (se fosse mais velho, é uma lição que já teria aprendido quandoTouro Enraivecido também foi deixado de lado em favor doOrdinary People, um daqueles filmes competentemente banais de que já ninguém se lembra). No entanto, cá estou eu, numa casa no meio do nada para os lados de Mangualde, a olhar para um ecrã onde pessoas passam com vestidos dourados numa passadeira vermelha. Ainda há mais 30 minutos disto antes do Jimmy Kimmel subir ao palco. Metade dos meus amigos que por cá passam comigo o fim-de-semana já desistiram de assistir à cerimónia. É uma decisão mais que sensata, a única razoável para um adulto que já não acredita no pai natal nem num mundo justo. E, mesmo sabendo isso e tendo a certeza que no final da noite haverá apenas um encolher de ombros e a questão de "por que raio é que insisto em ver os Óscares todos os anos", não me passaria pela cabeça fazer o mesmo. Venham eles e elas, a cena de abertura e os discursos e as lágrimas e as críticas ao Donald Trump. Já só faltam 25 minutos para começar. Não, afinal são 20, diz o senhor da SIC. Boas notícias. Está quase. Já só faltam 64 anúncios e um deles acabou de me informar que há um gel da durex que multiplica o orgasmo feminino. As coisas que se aprendem a ver televisão à 1h20 da manhã. Já somos todos vencedores.