O conceito é espertalhão, numa das primeiras produções significativas a incluir a Covid-19 na intriga: o casal Paxton e Linda, cuja rutura só não se concretiza porque a pandemia força uma reclusão caseira, faz face às dificuldades no emprego aproveitando a transferências de mercadoria do Harrod's para roubar um diamante excecional.
Rodado em 18 dias (nota-se) já no decurso do lockdown inglês, é o esforço de um excelente guionista, Steven Knight, capaz de trabalhos inspirados em condições minimais ("Locke") ou de desafogados desastres ("Serenidade"), e de um realizador de nervo capaz do melhor ("No Limite do Amanhã") e do pior ("Jumper"), num 'filme de assalto' quase sem acção mas repleto de bons secundários (Stephen Merchant, Ben Kingsley) em nota humorística sobre os ridículos e pressões pandémicas, com o Zoom e o Skype a pleno vapor.
Serve como modesta ascese das saturações quotidianas mas, sobre furtos de pedras preciosas com face cómica, é favor ver o excitante (e hilariante) "The Hot Rock", dirigido por Peter Yates em 1972, época em que a inteligência do mainstream norte-americano não andava em confinamento.