O fim de semana é prolongado e, ainda que com contenção, de celebração. Saiba o que pode fazer ao longo destes três dias e conheça alguns programas alusivos à Páscoa.
É provável que nestes dias esteja numa azáfama para decorar a mesa de Páscoa a preceito, mas respire fundo e pare por um segundo: para além das sugestões que lhe deixamos para encomendar o cabrito e o folar, caso não esteja virado para os cozinhados, há mais programas com que se entreter durante o fim de semana e tradições que continuarão a ser cumpridas, mesmo que confinadas.
1. Porque a tradição não pode deixar de ser celebrada, vários municípios do país mantiveram de pé a Queima do Judas, com uma agenda de eventos presenciais e online. O ritual, que acontece no sábado véspera da Páscoa, recria a morte de Judas com a leitura de um testamento cheio de sátia social e política. Em Vila do Conde, a performance - enriquecida com depoimentos e contributos anónimos da população - ocorrerá à meia-noite, como de costume, e será transmitida nas redes sociais do evento (Facebook, Youtube e Instagram). Montalegre assinala esta celebração profana com a exposição "Judas", que reúne no jardim junto à Câmara Municipal vários bonecos alusivos à queima. Será também transmitida às 22h de sábado, na página de Facebook do município, a peça "Judas, Um Bom Motivo", interpretada por jovens atores do concelho. Vila Nova de Cerveira assinala a data com a exibição do filme Judas, Judas, Judas, às 23h30 de sábado. Com realização de Carlos Lobo e direção artística da Ondamarela, o filme é um poema visual e sonoro que parte da paisagem e do território do concelho como elo entre artistas, comunidades e público. Já em Palmela, o município promoveu algumas iniciativas simbólicas, como a distribuição do Kit Queima do Judas, com ilustrações de Zé Nova (mediante reserva através do contato 212 336 630) ou a partilha do testamento público no Jornal da Queima do Judas. No sábado será transmitido no Facebook e no Youtube da Câmara Municipal de Palmela um vídeo a recordar as edições anteriores do ritual.
2. Irmãos" é um documentário que acompanha o processo de criação do espetáculo que Victor Hugo Pontes estreou em 2020, "Os Três Irmãos". É um testemunho das etapas que constituem o desenvolvimento criativo de uma ideia do coreógrafo, lançada a Gonçalo M. Tavares e que parte de um texto original do escritor, materializada depois nos corpos de três bailarinos (Dinis Duarte, Paulo Mota e Valter Fernandes). O espetáculo pode ser visto até domingo no palco online do Teatro São Luiz e os bilhetes custam €3.
3. Cinema e comida: eis dois universos que se cruzam no próximo laboratório online do projeto Lavrar o Mar. A proposta é simples: na companhia da chef Rosário Pinheiro, os participantes serão guiados na confeção de um prato e de uma sobremesa enquanto são interpelados por excertos de filmes de realizadores e épocas distintas onde a comida assume protagonismo. O laboratório de cozinha cinematográfica, que se enquadra na iniciativa Comer com os Olhos, acontece às 11h de sábado e domingo e tem um custo de €3,5 por pessoa. As inscrições devem ser feitas por e-mail (info@lavraromar.pt) ou por telefone (913 943 034).
4. A Passos e Compassos reuniu no seu site seis propostas criativas, associadas à Páscoa, para os mais pequenos desenvolverem durante o período de férias. Há desde oficinas que propõe a construção de mimos, receitas tradicionais, como a da Fogaça de Palmela, ou atividades relacionadas com o ritual da Queima do Judas. Todas as atividades são gratuitas e serão reveladas diariamente até dia 3 de abril.
5. Durante este último confinamento, a Casa Manoel de Oliveira foi publicando diariamente nas suas redes sociais referências a filmes que influenciaram a cinematografia do realizador de Aniki Bóbó (1942) ou de Non ou a Vã Glória de Mandar (1990). Chegada ao fim a iniciativa #UmDiaUmFilme, as 46 obras estão compiladas no site de Serralves, com um texto de enquadramento a acompanhar cada um dos filmes e o respetivo link de visualização. Há desde obras marcantes da época do cinema mudo, como A Quimera do Ouro (1925), de Charles Chaplin, O Couraçado Potemkin (1925), de Sergei M. Eisenstein, ou A Pequena Vendedora, de Jean Renoir (1928), como referências do cinema clássico de Hollywood (Alfred Hitchcock, John Ford e Orson Welles à cabeça), do neo realismo italiano, do cinema japonês ou das novas vagas francesas, alemãs, brasileiras, holandesas ou iranianas, entre os quais se destacam nomes como Wim Wenders, Jean-Luc Godard, Glauber Rocha ou Abbas Kiarostami. Aproveite o fim de semana prolongado para se recostar no sofá e passear por estas referências.