Estremeço ao subir para a carroça apinhada em que vou viajar para Portugal, porque me recorda aquela em que me transportaram em criança até Sevilha, tal como agora partilhada com escravos e arcas de tesouros pilhados de grandes casas como era a minha. Cubro o rosto com o lenço, deixando apenas à vista os meus olhos contornados a khol, e toco no amuleto escondido junto ao peito, passando o dedo suavemente pela lua crescente, procurando nas histórias que a minha mãe me contava a força para vencer o medo que seis anos na corte da rainha D. Maria de Castela ainda não conseguiram fazer desaparecer.

A Moura Invísível: Nas muralhas de Juromenha

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