Ana Maria Caetano: "O meu pai tinha medo dos comunistas"
A filha do último Presidente do Conselho foi uma das mulheres mais elegantes de Portugal. No ano do centenário de Marcello Caetano, fala da relação com o pai, da doença da mãe e dos últimos dias da ditadura.
A filha do último Presidente do Conselho foi uma das mulheres mais elegantes de Portugal. No ano do centenário de Marcello Caetano, fala da relação com o pai, da doença da mãe e dos últimos dias da ditadura.
Única rapariga entre quatro irmãos, cresceu num mundo de privilégios. Os amigos tinham apelidos sonantes e a vida ia pouco além das casas abastadas, da pista de dança do restaurante A Choupana, no Guincho, e das idas ao cinema com chaperon (dama de companhia). Estudou Terapia da Fala e Psicanálise, fez carreira no Centro de Saúde Mental de Lisboa e no Colégio Grão Vasco, de que é proprietária – e saiu incólume dos excessos da revolução. Nos últimos anos, saltou em defesa da memória do pai: primeiro pegou- -se com Freitas do Amaral por causa da peça O Magnífico Reitor; depois com o jornalista Orlando Raimundo, pelo seu retrato do marcelismo no livro A Última Dama do Estado Novo. Apesar da grande admiração que tinha pelo pai Marcello Caetano, a relação dos dois sempre foi frontal. Da primeira vez que o visitou no exílio, ele perguntou-lhe se ela gostava de lá ficar. A resposta foi cruel: "O pai fez as suas escolhas, agora tem de sofrer as consequências." Mais tarde, queixou-se do fim de uma relação amorosa e o pai respondeu-lhe da mesma maneira: "Tu, como eu, também fizeste as tuas escolhas, agora arca com as consequências." Ana Maria resume: "Éramos iguais..."
Ana Maria Caetano: "O meu pai tinha medo dos comunistas"
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