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Como evitar o fim do mundo sem falhar o fim do mês?

PME portuguesas distinguidas com Prémio Europeu de Sustentabilidade mostraram que é possível ter êxito enquanto se garante o futuro

03 abril 2025 16:17

As PME distinguidas nas três edições do Prémio SME EnterPRIZE, e que, recentemente, subiram ao palco no Centro de Congressos de Aveiro para contar a história da sua aposta na sustentabilidade, não são só negócios novos e tecnológicos. São, na sua grande maioria, empresas com história, em setores tradicionais, mas que souberam apostar na inovação e na tecnologia para, através da sustentabilidade, dar futuro ao seu negócio.

Para estas PME, que operam em setores históricos como o têxtil, a marroquinaria, a metalomecânica, ou a indústria química, a sustentabilidade não é um "peso", não foi um "clique" nem é um "chamamento". Para estas empresas, a sustentabilidade é um caminho natural para criar um negócio ou para dar futuro a um negócio que já existia.

Esta partilha de experiências decorreu no âmbito de um evento dedicado aos vencedores desta iniciativa da Generali Tranquilidade. O Prémio Europeu de Sustentabilidade para PME decorre atualmente em dez países europeus e procura encorajar as empresas a seguir o caminho da sustentabilidade. Em Portugal, a Generali Tranquilidade juntou-se ao Correio da Manhã e à Sábado para dar a conhecer as histórias destes Heróis da Sustentabilidade.

O evento contou com a participação do professor emérito Carlos Borrego, ex-ministro do Ambiente e um "histórico" da introdução dos temas ambientais em Portugal. A sua intervenção centrou-se na relação entre crescimento económico e sustentabilidade e enfatizou três prioridades estratégicas para os próximos anos: a transição climática; a economia circular; e a construção de cidades inovadoras e resilientes. Neste contexto, Carlos Borrego defendeu a necessidade de enfrentar os desafios ambientais com ações concretas e políticas eficazes, apontando para um futuro em que o desenvolvimento deve ser sustentável e focado na qualidade de vida  e não no crescimento. Ou seja, como afirmou no final: "O clima mudou, agora é a nossa vez de mudar."

O fim do mundo e o fim do mês

No painel que se seguiu e que juntou responsáveis das PME distinguidas houve uma ênfase especial na importância de conciliar sustentabilidade e rentabilidade. Na sua intervenção, Ana Vasconcelos, diretora-geral da Belcinto, explicou que para a fábrica de artigos em pele a sustentabilidade não é um custo, mas uma forma de reduzir gastos com recursos como água e eletricidade, e de promover a utilização de toda a matéria-prima, bem como a durabilidade dos produtos. Já Margarida Martins responsável de inovação da ALGAplus, que produz algas para alimentação, destacou a importância da inovação e da colaboração para melhorar a cadeia de valor desta atividade, que tem um impacto ecológico positivo.

Por sua vez, Bárbara Teixeira, responsável de sustentabilidade, segurança e ambiente da Miranda e Irmão, que fabrica componentes para bicicletas, diz que a sustentabilidade é uma necessidade estratégica, essencial para a competitividade a longo prazo no mercado da indústria metalomecânica.

A discussão também tocou nas questões legislativas, com vários oradores a explicarem que a regulamentação atual pode ser um incentivo à sustentabilidade, mas também é, por vezes, um obstáculo para a implementação de práticas sustentáveis. Por exemplo, a legislação trata muitas vezes subprodutos como resíduos, dificultando a adoção de um modelo de economia circular, como destacou César Henriques, diretor-geral da EcoX, uma PME que transforma óleos alimentares usados em detergentes líquidos sustentáveis.

O compromisso da Generali Tranquilidade envolve não apenas a adoção de práticas sustentáveis, mas também a criação de soluções que promovam a sustentabilidade junto dos clientes Nuno Megre, responsável de sustentabiidade da Generali Tranquilidade

Outros projetos

No segundo painel, outras três PME apresentaram e discutiram as iniciativas que lhes mereceram ser distinguidas pela iniciativa. Ana Tavares, CEO da RDD Textiles do Grupo Valérius 360, apresentou o projeto de reciclagem têxtil da empresa, que transforma resíduos têxteis em novos fios têxteis e que está a apostar em reciclar peças usadas como matéria-prima para novas peças.

Já Eliana Lopes, responsável de qualidade e ambiente da Promecel, falou sobre a sua nova fábrica de metalomecânica de precisão que integrou as boas práticas mais sustentáveis na sua conceção, construção e operação.

Quanto a Nuno Matos, diretor-geral da Eco-Oil, apresentou a sua empresa, que trata resíduos perigosos e produz combustível 100% reciclado, evitando a emissão de milhares de toneladas de CO2.

Sustentabilidade no centro das decisões

Na conclusão do evento, Nuno Megre, responsável de sustentabilidade da Generali Tranquilidade, enfatizou a importância crescente que a sustentabilidade assume no desenvolvimento de novos negócios ou no crescimento dos negócios existentes. Este responsável deu como exemplo a Generali Tranquilidade, na qual , "a sustentabilidade foi incorporada como um pilar fundamental do novo ciclo estratégico, cujo foco é a excelência".  Segundo Nuno Megre, "o compromisso da empresa envolve não apenas a adoção de práticas sustentáveis, mas também a criação de soluções que promovam a sustentabilidade junto dos clientes, e que garantam a resiliência frente às alterações climáticas", concluiu.

Heróis da Sustentabilidade

Conheça os projetos das PME nacionais que participaram neste evento, e que já foram consagradas como Heróis da Sustentabilidade.

Da frigideira para a banheira

A EcoX venceu a terceira edição do SME EnterPRIZE. Surgiu em 2016 em resultado de um projeto científico da Universidade de Coimbra, que desenvolveu uma tecnologia inovadora  para transformar óleo alimentar usado em detergentes líquidos sustentáveis. A EcoX desenvolveu e oferece atualmente mais de 100 variantes dos seus produtos de higiene e limpeza.

Bicicletas mais sustentáveis

Com uma história de 75 anos, e situada na zona de Águeda, a Miranda & Irmão venceu a segunda edição do prémio e é uma empresa de referência na produção de componentes sustentáveis para as melhores marcas mundiais de bicicletas. Uma distinção que chega também por intermédio das excelentes práticas ambientais da própria empresa.

Pele para sempre

A Vasconcelos e Companhia é uma empresa familiar do setor dos artigos em pele, nascida em 1961. Com sede em São João da Madeira, ganhou a primeira edição desta iniciativa com o projeto "Leather Goods by Belcinto". Esta PME está a acabar com o desperdício de matérias-primas e sempre teve uma grande preocupação com a sustentabilidade dos seus artigos.

Algas do bem

Sediada em Ílhavo, a ALGAplus foi distinguida com o Prémio em 2022. É uma empresa pioneira na produção biológica integrada de algas para alimentação e outras aplicações. É um exemplo das possibilidades de aliar a economia azul com a economia circular, com um impacto ecológico positivo na Ria de Aveiro.

Fábrica sustentável

Situada no distrito de Braga, a Promecel atua no setor da metalomecânica de precisão. A empresa foi distinguida pelo projeto e construção de uma nova unidade fabril pensada de raiz para maximizar a sustentabilidade da atividade metalomecânica.

Combustíveis com resíduos

Fundada em 2001 para responder à necessidade de tratamento dos resíduos resultantes da lavagem dos navios-tanque que vão a reparar no Estaleiro da Lisnave em Setúbal, a Eco-Oil foi distinguida na terceira edição pelo projeto de produzir combustível sustentável a partir dos resíduos oleosos gerados pela operação destes navios.

Moda reciclada

A Valérius 360 está localizada perto de Vila do Conde e foi distinguida na segunda edição. Esta empresa procura resolver o problema do desperdício têxtil, reciclando e dando nova vida ao que não é utilizado na produção têxtil e a têxteis em fim de vida, criando novas peças e tecidos e evitando que estes desperdícios acabem incinerados ou em aterros.