Lobo Antunes revela ter sido assediado no Liceu Camões
Professor de Moral apalpou o escritor quando este ainda era uma criança.
O escritor Lobo Antunes recordou também um episódio de assédio, por um professor de Moral, neste estabelecimento de ensino, quando, na aula, falavam do templo de Salomão.
O professor apalpou-lhe os joelhos e "subiu pelos calções". Mais tarde questionou-o sobre um assunto de foro íntimo que não entendeu, e que o levou a perguntar ao pai, do que se tratava, dias mais tarde. Sem lhe responder, o pai saiu da sala e "só se ouviu o carro arrancar".
O professor, contou hoje Lobo Antunes, esteve dois meses sem leccionar e, quando regressou ao liceu, deixou de dar aulas à sua turma. "A coisa resolveu-se assim", disse o escritor, para quem se deve "aceitar as coisas tal como elas são".
A história foi contada a cerca de 20 alunos dos 10.º e 11.º anos de uma escola privada da capital, no âmbito da iniciativa presidencial "Escritores no Palácio de Belém". No início da conversa, António Lobo Antunes foi apresentado pelo Presidente da República, que se lhe dirigiu chamando-lhe "génio", apontando-o como "um Nobel sem precisar do Prémio Nobel [da Literatura]".
No final da conversa, António Lobo Antunes pediu que não se esqueçam dele. "Não se esqueçam de mim. Rezem pela minha alma pecadora, se forem crentes", terminou o escritor, que defendeu que há deuses, mesmo que não se possa falar deles.
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