
Recebidos 83 pedidos de compensação financeira por abusos sexuais na Igreja
Comissões de instrução avaliaram até ao momento o caso de 68 pessoas, refere o grupo Vita.
Comissões de instrução avaliaram até ao momento o caso de 68 pessoas, refere o grupo Vita.
Já foram ouvidas 32 pessoas, estando previsto que este trabalho continue até ao mês de julho, cabendo depois à comissão de instrução da Igreja Católica a responsabilidade de decidir a resposta a dar.
Estes pedidos de compensação financeira para as vítimas de abusos sexuais na Igreja católica estão a ser analisados por duas comissões, uma das quais avalia os factos e outra os montantes a atribuir, de acordo com o regulamento publicado em julho de 2024.
Até 21 de janeiro, data do balanço anterior, tinham pedido ajuda 118 pessoas, menos seis do que atualmente.
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A psicóloga Rute Agulhas e o assistente social Jorge Neo Costa, ambos do grupo VITA, escreveram um guia prático para pais e cuidadores sobre o tema. Saiba a que sinais deve estar alerta e como deve abordar o assunto com o seu filho, consoante a idade. Usar as notícias que se veem na televisão pode ser um bom ponto de partida.
Até ao momento, foram instruídos oito processos, mas o grupo VITA considera que é necessário ter uma "amostra adequada" para discutir os valores das compensações a pagar.
Idade atual das vítimas varia entre 19 e 75 anos, com uma média de 54 anos.
Segundo Rute Agulhas algumas das vítimas "querem só desabafar, partilhar, quebrar o segredo que em média dura 40 anos", sublinhando que a maior parte dos casos estão prescritos, porque "já aconteceram há muito tempo".
O Grupo VITA propôs à Igreja a revisão de alguns aspetos do regulamento que define os procedimentos para a compensação financeira das vítimas de violência sexual.
Um dos organismos avalia os factos e o outro, os montantes a atribuir, anunciou a Conferência Episcopal Portuguesa.
Durante os contactos com o Grupo VITA, a necessidade mais frequentemente reportada pelas vítimas é o apoio psicológico, em 67,2% dos casos.
A atribuição de compensações financeiras foi decidida pela CEP em abril e agora qualquer pedido deverá ser apresentado formalmente por escrito até 31 de dezembro.
A CEP recebeu, em fevereiro de 2023, um relatório da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica em Portugal, que validou 512 testemunhos, num total de 564 recebidos, relativos a casos ocorridos entre 1950 e 2022.
O anúncio ocorre no dia em que o presidente da CEP confirmou que o "tema importante" dos abusos sexuais na Igreja vai estar em foco na visita dos bispos portugueses ao Vaticano.
Decisão foi tomada na 209.ª Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa. Pedidos terão que ser apresentados e vai ser criado um fundo para pagar às vítimas.