Desfazer o presépio
Enquanto alguns acenam com os riscos imaginários de uma invasão cultural (em Portugal, os estrangeiros são 7,5% da população), há quem lucre com o desespero de quem procura uma vida melhor.
Enquanto alguns acenam com os riscos imaginários de uma invasão cultural (em Portugal, os estrangeiros são 7,5% da população), há quem lucre com o desespero de quem procura uma vida melhor.
Quando alguma coisa ganha a atenção do público, isso tem um efeito. Até os mais poderosos preferem perpetrar as suas prepotências longe de olhares reprovadores.
O centro, quando lhe queremos chamar um nome feio, passa a centrão e quase toda a gente sabe que se refere então a uma amálgama pouco recomendável de interesses inconfessáveis, mas facilmente adivinháveis, dos que têm poder e dinheiro.
Elon Musk, o empresário que tudo pode, não quer ceder a 120 mecânicos e aceitar a lei e a prática do reino onde se inventou a social-democracia.
A falta de interesse pelo que nos rodeia é um sinal alarmante. Quem não se espanta, não se interroga, não procura, fica mais longe do humano.
Enquanto muitos, como ela, se afastam, desiludidos, outros usam as urnas para descarregar a raiva. Andamos todos cansados, à espera de que algo mude. A promessa dos que querem fazer tudo diferente, seduz. É normal.
E agora? Mais do que a raiva, o espanto. Mais do que a indignação, o medo. Para os que não estão cheios de certezas, há uma incerteza maior que tudo, que se impõe: como saber onde está a verdade?
Andamos em círculos, à procura de culpados. Quem começou primeiro? Enervamo-nos. Subimos o tom da voz até deixarmos de ouvir quem fala connosco. Não queremos saber. Cortamos relações com aqueles que nos parecem estar do outro lado de uma barricada imaginária.
A liberdade tem o tamanho que o medo deixar. Ela começa a definhar quando o medo nos tolhe os gestos, nos faz pesar as palavras, nos limita até os pensamentos.
Talvez seja altura de falarmos disto a sério. Os profissionais da educação são, afinal, os verdadeiros unicórnios. Talvez estejam até em risco de passarem a ser dodôs, aqueles pássaros que aparecem nos livros para ilustrar a extinção de uma espécie.
Mais do que entretermo-nos a catalogar os envolvidos no conflito, devemos pensar na melhor forma de preservar as vidas dos civis inocentes, de ambos os lados. É nesse esforço de compreensão e de encontro de soluções que está a resposta certa.