Chamem-lhe multi-instrumentista, mulher dos sete instrumentos ou artista com alma de bicho carpinteiro. Aos 25 anos, Ana Lua Caiano é, no mínimo, uma das mais relevantes vozes da sua geração em Portugal. Para o sublinhar, a Orquestra Jazz de Matosinhos convidou-a para um concerto.
O desafio é público e notório: tocar o repertório da cantora e compositora com arranjos para big band. Nesse reportório, que trabalha uma ideia de tradição, assumem destaque os coros, as harmonias e os cânones - que fazem parelha com sintetizadores, beat-machines e sons retirados do quotidiano. "A sua música traz a herança tradicional portuguesa para o mundo moderno, eletrónico e tecnológico", lê-se em comunicado.
Porque o jazz "é um terreno fértil para a união de linguagens", a expectativa é de que o som dos dois primeiros EPs (Se Dançar é Só Depois e Cheguei Tarde a Ontem) e do disco Vou Ficar neste Quadrado ganhe uma nova roupagem com a contribuição da Orquestra Jazz de Matosinhos.
Aos 25 anos, Ana Lua Caiano tem já um percurso que impressiona os mais desatentos: estudou piano, jazz e Belas Artes, fez música para filmes e documentários e estreou-se em nome próprio, em 2022. Com uma visão sobre o que seria isso de uma portugalidade, fez do primeiro disco um lugar onde a tradição e a contemporaneidade conversavam sem diminutivos ou abreviaturas. Usando a voz como instrumento que dá ritmo, Ana Lua Caiano usa as palavras como se fossem tons.
Videoclip O Bicho Anda por Aí
Para entender a importância deste convite, vale a pena lembrar que a Orquestra Jazz de Matosinhos já partilhou palco com artistas como Rui Reininho, Sérgio Godinho, Manel Cruz, Manuela Azevedo, Mayra Andrade, Maria Rita e Ricardo Ribeiro.
Com 28 anos de vida, a Orquestra Jazz de Matosinhos, "cruza ambição internacional com sentido de responsabilidade local e investe de forma continuada no desenvolvimento de projectos artísticos diversificados, projectos formativos coerentes e na edição discográfica de jazz português".
