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O estranho Japão light de Yukio Mishima

Até agora inédita em Portugal, a novela Vida à Venda revela um outro lado do escritor japonês. Menos erudito e mais kitsch, é um livro menor de um autor maior, ideal para o verão

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Rita Bertrand 26 de julho de 2019 às 07:00

Fosse ele um escritor medíocre e este livro, repleto de peripécias como um filme de James Bond, com mafiosos e vampiras, pistolas e câmaras escondidas, talvez nem chegasse ao prelo. Porém, Yukio Mishima era brilhante e, apesar de Vida à Venda não estar à altura das suas melhores obras - O Marinheiro que Perdeu as Graças no Mar, o autobiográfico (e homoerótico) Confissões de uma Máscara e a tetralogia O Mar da Fertilidade, com um narrador voyeurista que acompanha as sucessivas reencarnações de uma alma fascinante (em Neve da Primavera, Cavalos em Fuga, O Templo da Aurora e A Queda do Anjo) -, é mais do que parece: nele está inscrito um certo cinismo, reflexo da maneira como o autor olhava para o seu Japão, ainda destruído e em convulsão depois da guerra perdida (a segunda mundial, que acabou com bombas atómicas em Hiroxima e Nagasáqui), mas desesperado para entrar na vertigem do consumo que entretanto se apoderou do mundo.

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