Moro numa calçada lisboeta, daquelas bem compridas, que eufemizo chamando-lhe o meu ginásio privado. Na verdade, não é apenas meu - muitos são os atletas que a sobem e descem, às vezes em grupos organizados, equipados em tons fluorescentes. Um dia, quando a escadaria estava invadida de joggers urbanos, o meu vizinho do lado pôs um rádio na varanda e ligou as colunas. De lá saiuEye of the Tiger, banda sonora dos murros de Rocky Balboa, personagem que valeu a nomeação para o Óscar a Sylvester Stallone. Até à semana passada, este era o único Balboa da minha vida (houve outro, em tempos, que passou pelo Benfica, mas que consegui chutar para o canto do esquecimento). Este novo balboa é diferente, mais delicado e menos violento - a menos que dance com o meu par de sempre nestes provadores, o Diogo Lopes, que, com uma sincronização invejável, vai pisando as pessoas à sua volta. Desta vez, até conseguiu entrar no ritmo certo.