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Ana Padrão, Ana Nave, Fátima Belo, Maria João Luís e Rita Blanco juntaram-se a Patrícia Sequeira. A elas juntou-se-lhes Filipa Leal. A olhar por todas ficou a personagem principal do filme, já morta. Jogo de Damas estreou a 28 de Janeiro
Chovia que parecia um castigo em Lisboa. Atrás de um camião do lixo, o taxista soprava para ver se andava mais depressa. No Hotel do Chiado havia cinco mulheres em espera. Dentro do carro havia duas pessoas nervosas e um telemóvel a dar sinal de mensagem: "Não faz mal, aproveitei para almoçar." O almoço à hora do lanche acabou bem - deu num chá das cinco. Um chá em que se falou de muito, mas sobretudo de Jogo de Damas, que estreou a 28 de Janeiro nas salas portuguesas. Ana Nave, Ana Padrão e Fátima Belo [Rita Blanco gravava àquela hora e Maria João Luís estava no Porto], as actrizes, Patrícia Sequeira, a realizadora, e Filipa Leal, a argumentista, nem argumentaram - este filme foi desde o primeiro momento um jogo. A história conta-se sem grandes vírgulas: quando a Marta morre as suas cinco amigas vão até à herdade que ela queria converter em turismo rural e passam uma noite juntas a falar sobre o que a vida lhes foi fazendo. A história, que parece simples, nunca se complica - mas tem um processo complexo por trás. "Isto começou como um jogo, um exercício para actrizes", diz Ana Padrão. Lá no início, acrescenta a realizadora Patrícia Sequeira (cujo trabalho o público conhece da televisão, onde assinou a realização de telenovelas da SIC como Laços de Sangue ou Sol de Inverno e mais recentemente a série da RTP Terapia), a ideia surgiu clara: "Tinha vontade de trabalhar com estas cinco actrizes e construir uma história que servisse esse propósito. Tinha vontade de que este não fosse um processo normal - ter um guião e depois ir lá filmá-lo." Porque considera que estas actrizes acumulam funções e são também grandes criadoras, "quis convidá-las a entrar no processo de criação". Assim nasceu um filme em que a realizadora estipulou pontos de enredo e ligações entre personagens mas deixou espaço para que esses pontos fossem unidos por cada uma das actrizes e o guião fosse escrito "por uma pessoa que estivesse fora do processo, que fosse uma escritora e que tivesse a poesia muito bem resolvida".Filipa Leal, essa pessoa, esperou então que os encontros e jantares de pesquisa das actrizes e realizadora terminassem, ficou longe também no momento em que realizadora e actrizes se refugiaram na herdade onde filmariam para improvisar e só depois se juntou ao processo. Como? "Nos últimos 10 anos a minha profissão tem sido jornalista", começa por contar. Para continuar: "Nós como jornalistas investigamos, ouvimos as fontes, juntamos as peças e fazemos o artigo. Neste caso o que aconteceu foi que em vez de investigar o real eu investiguei a ficção. Peguei no material que a Patrícia recolheu das actrizes e nas cartas que a Patrícia escreveu para cada uma das actrizes [no filme, Marta deixa uma carta a cada uma das amigas] e comecei a conhecer as personagens. Depois preenchi os espaços em branco deixados pelas actrizes." Um ano depois de terminarem esse processo de improviso, corta e cola, embrulha e desembrulha, chegou o dia de as actrizes verem no cinema o filme que lhes nasceu nas entranhas. "Foi muito estranho ver as coisas que senti tão por dentro ali em grande", diz Ana Nave. "Estou lá mais do que numa personagem construída", conclui. Com Fátima Belo aconteceu o mesmo: "Havia uma coisa que eu nunca tinha trabalhado, que era um lado patético que eu tenho. Pensei: aqui vou esforçar-me para me expor; e estou de facto patética. Há uns anos eu não teria ido à estreia. E sei que se não fosse o processo aquilo não teria saído." O processo, o processo, o processo. No fim, um filme que é o contrário do normal, diz Patrícia Sequeira. "Um filme tem de agarrar nos primeiros minutos, este é difícil. É como se dissesse: 'Aguentaste? Agora vais levar com um filme de que vais gostar.'" Com o filme a chegar às salas nacionais, fica um desafio em tom de confissão da realizadora: "Tenho a expectativa de que a crítica tenha a ousadia de gostar de uma coisa simples. Aparentemente simples."
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