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Morreu o realizador Andrzej Zulawski

O cineasta polaco faleceu esta noite, vítima de cancro. Cosmos, o seu último filme, foi rodado em Portugal e produzido por Paulo Branco

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Edição de 16 a 22 de setembro
17 de fevereiro de 2016 às 16:15

O realizador polaco Andrzej Zulawski, cujo último filme,Cosmos, foi produzido por Paulo Branco e rodado em Portugal, morreu hoje aos 75 anos depois de uma longa batalha contra o cancro, divulgou a associação polaca de cineastas.

"Posso confirmar a sua morte", disse uma fonte da associação, citada pela agência noticiosa francesa AFP, numa referência ao realizador que fez grande parte da sua carreira em França e que foi responsável por obras comoCosmos(2015),O Importante é Amar(1975),Possessão(1981) ouA Mulher Pública(1984).

Zulawski era "um artista muito original, por vezes controverso, mas sempre fiel a si mesmo", afirmou o presidente da associação polaca, Jacek Bromski, em declarações à emissora polaca Polsat. O filho do realizador, Xawery, também ele cineasta, escreveu na terça-feira na rede social Facebook que Zulawski sofria de um cancro em fase terminal e que estava a ser submetido "a intensos tratamentos no hospital" na Polónia. "É muito difícil escrever estas palavras, mas é especialmente importante agora que o seu último filme [Cosmos] começa a 'viver a sua vida'... Pensem nele", acrescentou Xawery, na mesma mensagem.

O filmeCosmos, uma "comédia metafísica" - como lhe chamou o crítico doHollywood Reporter- baseada no romance homónimo de Witold Gobrowicz, assinalou o regresso de Andrzej Zulawski ao cinema, após 15 anos sem filmar. Rodado em Portugal e produzido por Paulo Branco, o filme conta com actores portugueses, entre os quais Victoria Guerra. Em Agosto último, o filme conquistou o Leopardo para Melhor Realização no Festival de Cinema de Locarno (Suíça).

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Nascido na Polónia ocupada em 1940, Zulawski partiu para Paris aos cinco anos com os seus pais. Mais tarde, iria estudar na conceituada Universidade Sorbonne, na capital francesa. O realizador teve três filhos, incluindo um filho com a actriz francesa e sua ex-companheira Sophie Marceau. Separaram-se em 2001.

"É uma perda enorme para o cinema polaco e do mundo", referiu, em declarações à agência AFP, o crítico de cinema Janusz Wroblewski. "Os seus filmes são considerados clássicos do cinema, mas na altura eram de vanguarda", acrescentou o crítico, recordando obras comoA Terceira Parte da Noite(1971) eO Diabo(1972). "Ele era provocador, derrubando muitos estereótipos polacos e introduzindo o erotismo nos seus filmes", concluiu Janusz Wroblewski.

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