Não existem muitas frases mais citadas do que a abertura de Tolstói em "Anna Karenina": "Todas as famílias felizes são iguais; cada família infeliz é infeliz à sua própria maneira". A sequência inicial deComo Nossos Pais, quando uma mãe recupera uma velha receita de moqueca para um almoço onde cada frase se torna uma crítica até que um segredo é revelado, é uma exploração dessa sentença. Bodanzky, que co-assina o argumento com Luiz Bolognesi, sabe que não há nada como um evento familiar para estabelecer relações e criar urgência dramática - mesmo sacrificando a subtilidade de alguns diálogos. É um dos problemas deste simpático filme: por vezes é demasiado directo, como nas ligações que estabelece comA Casa de Bonecas, a peça de Ibsen, desafiando o espectador a olhar para Rosa, a sua protagonista, como uma versão contemporânea da insatisfeita Nora.