Esteve 14 anos preso em Guantánamo, seis deles depois de um juiz o mandar libertar. Publicou a sua história num livro que foi agora adaptado ao cinema em O Mauritano, com Jodie Foster.
Mohamedou Ould Slahi: “Tenho guardas e ex-interrogadores que me ligam”
Em novembro de 2001, Mohamedou Ould Slahi, um engenheiro, foi preso em casa, na Mauritânia. A detenção tinha sido pedida pelos Estados Unidos por suspeitas de que pertenceria à Al-Qaeda. As provas: em 1991 e 1992 tinha partido da Alemanha, onde vivia, para o Afeganistão para lutar pelos mujahedin contra a ocupação soviética e treinado em bases do grupo. Regressado à Europa, em 1998 recebeu um telefonema de um primo a pedir-lhe ajuda para transferir dinheiro para a Mauritânia. Problema: o telefone de satélite a partir do qual a chamada do primo foi feita pertencia a Osama Bin Laden.
Após sete dias de interrogatório, foi transferido pela CIA para uma prisão na Jordânia. Durante oito meses foi torturado. Depois seguiu para o Afeganistão e, finalmente, para Guantánamo, em agosto de 2002. Tornou-se o prisioneiro 760, considerado um dos mais importantes detidos em Cuba. Na verdade, estava inocente. Em 2010, um juiz ordenou a sua libertação, o que só ocorreria seis anos depois. Entretanto, os seus advogados tinham conseguido publicar o livro que escreveu em cativeiro. O Diário de Guantánamo (editora Vogais) tornou-se um bestseller e foi agora adaptado ao cinema.
A partir de casa em Nouakchott, na Mauritânia, Mohamedou Ould Slahi recorda os dias em cativeiro e lembra que um dos canais que costumava ver na prisão era a RTP Internacional. "Não compreendia nada, mas reparei que os homens diziam sempre obrigado e as mulheres obrigada. Por isso obrigado pelo vosso interesse na minha história", diz.
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