Sábado – Pense por si

Viagem a Plutão

Com o sentimento de ter pela frente uma missão espacial com destino ao mais longínquo dos planetas convidou-a para uma ida ao cinema, sessão da tarde ou matiné, que não tinha, tinham, idade nem autorização para saídas nocturnas em solitário, entenda-se sem supervisão dos progenitores ou outro adulto da confiança dos mesmos

Tardes em naftalina

O calor insuportável, o acordar antes do despertador, a noite feita de um sono solto, intermitente, o sol já inflamado, o céu vazio de nuvens, de pássaros, o vidro da janela morno, quase quente, os pés descalços pelo chão do quarto, pelo mosaico da casa-de-banho, o seu rosto no espelho, os olhos lembram berlindes.

Quase Palpável

Há dias fiz o mesmo caminho que fizemos. Lembraste? Caminhámos lado a lado sem dar as mãos. Temos tanta dificuldade em dar as mãos.

O paraíso do avesso

O paraíso era uma paragem de autocarro. Ele subia a rua. Ela descia a rua. Chegavam à mesma hora, quase à mesma hora, o mesmo horário a cumprir.

O Mundo a Encolher

Primeiro a infância, as memórias vagas, curtas, desbotadas, quase fotografias.

Náufragos na barra

Chovia uma chuva de gotas gordas, anafadas, adiposas, pançudas, definitivamente obesas, acompanhadas por um vento consistente, áspero, frio, violento, quase danado

Em cardume

Ninguém a consegue perceber no meio de um cardume, centenas de peixes, peixinhos, talvez milhares, iguais, quase iguais, indistinguíveis

Dúvidas (i)Legais

Há sorrisos que merecem prisão, forca, guilhotina, pelotão de fuzilamento (preparar, apontar, disparar, não se atrevam a descansar as armas), cadeira eléctrica, crucificação (eu de braços abertos para o teu abraço), lapidação

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