Com limões fazemos limonadas
João Duque, presidente do ISEG, discorre sobre os desafios que se colocam ao ensino da gestão e da economia e como os alunos da sua instituição são estimulados a procurar soluções inovadoras.
Estudar numa escola de ensino superior, como é o caso de estudar no ISEG, é ser acolhido por uma instituição que nos desafia a darmos o nosso melhor no sentido de crescermos na nossa individualidade, mas formando-nos como cidadãos que são também excelentes decisores económicos. É por isso que no ISEG queremos que os nossos estudantes não sejam expostos a uma só doutrina, a um só credo, a uma só disciplina ou forma de ver o mundo e de lhes sugerir soluções.
O mundo é demasiado complexo e as possíveis respostas para os nossos problemas de natureza económica (que são os da escassez de recursos) não são unívocas e só ganham com propostas inovadoras e muito trabalhadas. É por isso que as propostas simplistas, como as que os populistas apresentam aos eleitorados, apesar de serem muito apelativas pela beleza da simplicidade, são irrealistas e, tipicamente, inapropriadas.
Obviamente começamos por tratar os problemas de forma simples e sob rigorosos pressupostos que ajudam a "limpar" o campo de decisão tornando-o passível de ser tratado por uma determinada técnica. Depois evoluímos, aprendendo métodos para melhor aplicar tais metodologias a problemas mais complexos, sofisticando-as.
O mundo de hoje, em sociedades livres, em que cada um escolhe de acordo com a sua própria vontade, exige soluções complexas e inovadoras, nem que seja para responder ao cansaço da rotina e à simples necessidade de mudança que nos acode.
É por isso que o ensino da gestão no campo da atividade das organizações, ou da economia para espaços de intervenção de maior impacto, exige estarmos a procurar continuamente novos produtos de ensino e novas ferramentas que permitem aos estudantes estimular o seu interesse e o desenvolvimento pessoal dos que nos procuram.
Hoje, os desafios são a Inteligência Artificial (IA) e as soluções que a esta nos coloca. E todos os dias, empresas e indivíduos as aplicam para resolverem problemas de conhecimento e desenvolvimento de novas ferramentas e soluções.
A universidade é um espaço onde a IA mais irá revolucionar a atividade tradicional. Os alunos podem hoje, em poucos minutos, produzir conteúdos cuja autoria, não sendo sua, pode ser invocada como tal.
A questão da propriedade intelectual é extremamente sensível na academia e por isso essa prática é considerada uma das mais graves fraudes académicas. Para a combatermos, queremos formar jovens mais íntegros e socialmente responsáveis, apelamos ao sentido ético dos nossos alunos. E alterámos a forma de os avaliar, incrementando e estimulando a utilização da avaliação contínua ou avaliação presencial. Assim, estamos seguros de aumentar o sentido de responsabilidade e de justiça que esperamos que possa ser apropriado pelos nossos estudantes, o que resulta em seu benefício e das organizações em que se inserirem.
E porque sempre soubemos "transformar limões que nos deram" em "limonadas que dão gosto beber", estimulamos os nossos alunos a usarem a IA em seu benefício. A IA não é uma ameaça. É uma ferramenta que os vai, adicionalmente, ajudar a discernir o valor do conhecimento humano.