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“Se não fores tu a ir atrás dos teus objetivos, quem será?”

Jorge Ramos, que consegue aos 30 anos a proeza de ter a London Philharmonic Orchestra a estrear uma obra sua, aconselha os candidatos a não ter peias: arrisca, fala, pergunta, pede. O não é sempre garantido.

12 de junho de 2025 às 14:14

Quem imaginaria que um miúdo de Braga viria um dia a estrear uma obra com a London Philharmonic Orchestra no Queen Elizabeth Hall? Era improvável, mas vai tornar-se realidade dentro de dias. Jorge Ramos, 30 anos, chegou a Londres em setembro de 2019 para frequentar o doutoramento em Composição Musical, no Royal College of Music London como bolseiro Gulbenkian, onde colecionou outros prémios e distinções. Agora participa no prestigiado programa Young Composers 2024/25 da London Philharmonic Orchestra e culmina uma temporada intensa de workshops, seminários e sessões criativas com a estreia a 2 de julho da obra SOHO. Sim, é verdade, músicos da orquestra londrina e dos Foyle Future First Musicians, com direção musical de Juya Shin, subirão ao palco para interpretar uma composição, que mergulha na energia eclética do bairro londrino homónimo, escrita pelo miúdo de Braga.

Fora o imenso talento de que dá mostras, Jorge Ramos é um exemplo de determinação e coragem, que também se mede nos conselhos que deixa aos candidatos ao ensino superior: arrisca, fala, pergunta, pede. "Se não fores tu a ir atrás dos teus objetivos, quem será?"


Sem floreados: Normaliza

Vivemos tempos de dopamina fácil, com redes sociais a darem-nos gratificação instantânea por likes, comentários e partilhas. No entanto, é essencial separar o artista da arte e do seu mercado — devem comunicar, sim, mas com uma distância necessária e saudável. Hoje cede-se facilmente ao hype ou ao peso de namedropping, em vez de privilegiar a sustentabilidade do artista e a sua arte a longo prazo. Analisa tudo e baseia-te nos factos, sem permitir que a próxima dose de dopamina controle as decisões.


Questiona: Tudo e todos

Às vezes, tudo o que separa o não do sim é o simples ato de pedir. Ser ousado/a ao expressar o que queres ou sentes que mereces pode abrir portas inesperadas. Mesmo que pareça improvável, enquanto não for certo, há sempre uma possibilidade. Não deixes que a emoção se intrometa no teu raciocínio — arrisca, fala, pergunta e pede. Uma coisa é certa: se não fores tu a ir atrás dos teus objetivos, quem será?


Follow-up

Tenho assistido a várias conferências nas quais oradores mencionam receber dezenas de mensagens após as palestras, mas quase ninguém procura manter o contacto. Privilegiam a selfie e a interação instantânea. A maioria não faz follow-up, nem envia lembretes ou procura tentativas de contacto posteriores. Oportunidades constroem-se com consistência e interesse real. Se queres criar ligações duradouras, não te fiques pela primeira mensagem — acompanha, relembra, mantém o diálogo vivo. Nunca sabes o que pode surgir dessa continuidade.


Don't take it personally, take it professionally

Encara a crítica de forma profissional, não pessoal. Foca-te no conteúdo útil da crítica, mesmo que seja dura ou mal entregue, e evita ficar na defensiva. Vê a crítica como uma oportunidade de crescimento, desenvolve resistência para não te deixares afetar por tudo e mantém-te como uma esponja, sempre a aprender e a evoluir. Respeita sempre os limites saudáveis no discurso e na ação, desconsiderando ou rejeitando quaisquer situações que se encontrem fora desse âmbito.


Não tens de te encaixar para te fazeres notar

Vestires-te ou fazeres algo apenas para te integrares pode denunciar de imediato a intenção de agradar ou de vender algo — e ninguém gosta de sentir que está a ser alvo de uma venda. Quando te apresentas de forma autêntica, confortável na tua pele e no teu estilo, assumes o teu espaço e a tua vontade com naturalidade. Em vez de correres atrás da validação, convidas os outros a aproximarem-se. A confiança nasce quando és tu quem define o tom.

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