Visitar Alcobaça é mergulhar na História. É recuar ao século XII, mais concretamente ao ano de 1153, quando a terra se começa a desenvolver graças ao seu famoso mosteiro, o primeiro ensaio de arquitetura gótica em solo nacional.
O Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, também conhecido como Real Abadia de Santa Maria de Alcobaça ou simplesmente Mosteiro de Alcobaça, foi fundado por D. Afonso Henriques, o primeiro rei português, que então doou o território a Bernardo de Claraval, da Ordem de Cister, para aí se construir um mosteiro, cumprindo um voto feito após a conquista de Santarém, domínio mouro até 1147. Apesar de a Carta de Fundação da Abadia datar de 8 de abril de 1153, só nas décadas seguintes se enceta a construção da parte mais emblemática do mosteiro, como a própria igreja, a maior erigida pelos cisterciences e uma das maiores da Europa.
Classificado como Património da Humanidade pela UNESCO desde 1989, o Mosteiro de Alcobaça é de paragem obrigatória para quem visita a região. Ali pode apreciar as naves laterais que são praticamente da altura da nave central, o que cria uma maior sustentabilidade do edifício e o torna único.
A fachada do mosteiro é dominada pelo portal do século XIII e pelos nichos laterais nos quais repousam as estátuas de S. Bernardo e de S. Bento. No interior, a nave central conduz ao transepto e à cabeceira, constituída por nove capelas radiantes. É no transepto que estão os túmulos de D. Pedro I e D. Inês de Castro, duas peças escultóricas do século XIV cuja qualidade justificou, em parte, o título de Património da Humanidade.
Destaque ainda para a Sala dos Túmulos, a Sala do Capítulo, a Sala dos Reis e os claustros – sendo que o do Silêncio é o maior claustro medieval português –, o refeitório e a cozinha.
Mosteiro de Coz – um mosteiro feminino
Existe, no entanto, outro mosteiro que coloca Alcobaça no mapa dos destinos turísticos culturais: o Mosteiro de Santa Maria de Coz. Localizado em Coz, a 10 quilómetros de Alcobaça, este edifício tem por fora um aspeto sóbrio que contrasta com o interior barroco, em que se destacam altares em talha dourada, caixotões de madeira que constituem o teto que cobre a nave, azulejos dos séculos XVII-XVIII ou o coro das monjas, com um belíssimo portal manuelino de fundo e o cadeiral executado entre o final do século XVII e o início do XVIII.
Depois de sair do que foi o mais rico mosteiro do ramo feminino da Ordem de Cister de Portugal, dê um "salto" à loja do projeto social COZART, que mantém viva a tradição das cestas de Coz que representam a ancestral arte artesanal de trabalhar o junco.
O castelo
Dois sismos (1329 e 1755) degradaram o velho castelo, do qual atualmente apenas restam algumas pedras. Não obstante, é um excelente miradouro para a serra dos Candeeiros e para o Mosteiro de Alcobaça.
Cinco locais a visitar
. Mosteiro de Alcobaça
. Mosteiro de Coz
. Parque Verde
. Museu do Vinho
. Jardim do Amor
A tradição deixada pela Ordem de Cister
O rico legado deixado pelos monges da Ordem de Cister está na génese do que é hoje Alcobaça. Quando o mosteiro começou a ser erigido, tinha à sua volta um vasto domínio que era conhecido como os Coutos de Alcobaça. Os monges do mosteiro começaram a povoar estes Coutos, fundando vilas e granjas, e dinamizaram a agricultura. Os pomares com a famosa maçã da região são apenas um dos exemplos desse legado.
Os monges da Ordem de Cister não se ficaram por aqui. A doçaria e os licores conventuais são outras das tradições deixadas pelos monges e monjas cistercienses que habitavam nos mosteiros da região.
Além da gastronomia, também a loiça de Alcobaça ou a cerâmica terão origem na arte de trabalhar o barro dos monges cistercienses.
Praia e serra fazem o casamento perfeito
Há muitas atividades para fazer em Alcobaça e muitos locais de lazer únicos. Como estamos no verão sugerem-se uns banhos e locais não faltam, uma vez que o concelho está situado entre a serra dos Candeeiros e o oceano Atlântico e tem uma costa com nove praias, na maioria premiadas e para todos os gostos. São Martinho do Porto e Paredes da Vitória destacam-se e são galardoadas há muitos anos com a Bandeira Azul e com a certificação Praia Acessível – Praia para Todos.
São Martinho do Porto – a Concha Azul –, a 18 quilómetros de Alcobaça, encanta todo o ano, pelas águas azuis da sua baía, bons restaurantes e miradouros. De águas calmas, esta praia familiar localizada numa baía possui características singulares que, além de potenciarem o lazer, também permitem a prática de vários desportos náuticos como a vela, o windsurf e o stand up paddle.
Já a Praia de Paredes da Vitória, a 24 quilómetros de Alcobaça, na freguesia de Pataias, é igualmente muito procurada, não só por famílias e outros banhistas que adoram a paisagem, mas também pelos praticantes de parapente que procuram os céus ventosos locais.
Existem no concelho outras praias, como a Gralha, a Légua, a Pedra do Ouro, a Vale Furado ou a Polvoeira, também reconhecidas pela sua beleza natural e pela qualidade das suas águas.
Mata do Vimeiro
Para os que preferem o campo, a Mata Nacional do Vimeiro é o local ideal para calcorrear. Com 267 hectares, quatro matas – Roda, Gaio, Ribeira e Canto – e uma área constituída na maioria por pinheiros-bravos, a melhor forma de passear por toda esta natureza é fazendo o percurso pedestre que a autarquia traçou e marcou e que foi desenhado para famílias, grupos organizados e apreciadores da natureza. O percurso tem quatro quilómetros e uma duração aproximada de duas horas.
Além dos supracitados pinheiros-bravos existem eucaliptos, sobreiros e carvalho-português e, no estrato arbustivo, medronheiros, urzes, tojos, acácias e silvas. Não faltam as ervas aromáticas e os cogumelos. E no que diz respeito à fauna, pode apreciar-se o esquilo-vermelho, o sacarrabo, o javali, a águia-de-asa-redonda e o gaio.
Aljubarrota, um símbolo nacional
Quem não conhece a lenda da padeira de Aljubarrota, Brites de Almeida, que com a sua pá terá aniquilado um grupo de sete castelhanos famintos em 1385? Pois bem, se estiver a passear pelo concelho de Alcobaça não deixe de visitar a vila de Aljubarrota, local da famosa batalha de Aljubarrota de tão boa memória para os portugueses que em inferioridade numérica ali derrotaram os castelhanos. Na vila fica-se encantado com as suas vielas, o casario branco, a Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres ou a Igreja Paroquial de São Vicente, que alberga o Núcleo de Arte Sacra da Paroquia de Aljubarrota.
Cinco experiências a viver em Alcobaça
. Fazer o Percurso Camoniano – Pedro e Inês em Cerâmica de Alcobaça
. Provar a gastronomia local, com destaque para os doces conventuais, o frango na púcara e o licor de ginja
. Apreciar as chitas de Alcobaça expostas nas montras do Rossio
. Ir a uma das nove praias do concelho (mas é melhor ir a várias)
. Passear pela Mata Nacional do Vimeiro